As ruas de Belo Horizonte são o cenário para esse conto urbano de desejo e luxúria mas que também reflete os imperativos da libido. Figuras anônimas percorrem a cidade em busca de encontros, até que uma delas rompe o portão gradeado do parque e começa a explorar suas vias.
Com roteiro de Germano Melo, o longa é provocativo e quase não possui diálogos, mas quando ditos explodem de um tesão reflexivo. Uma trilha enervante, composta por Dellamud, acompanha essas criaturas da noite, que buscam o prazer proibido nesse playground do amor.
Onde o filme ganha muito destaque é na diversidade de corpos, há muitos deles, em suas mais diversas variações. Cenas de sexo desinibidas, com alguns pênis a mostra, permeiam o filme, banhado em uma luz azul ou vermelha, na fotografia de Ciro Thielmann, que remete ao mítico giallo italiano.
O microcosmo do Cruising é muito bem coberto, já que nele também há subdivisões de fetiche, há sexo grupal, oral, voyeurismo, mijo, axilas, beijo grego, BDSM, e tudo isso transforma, apesar do extenso elenco, com Brunno, Bramma Bremmer, Igui Leal e Will Soares novamente trabalhando com o diretor, que o sexo seja o verdadeiro protagonista.
Mas em meio a tantas sequências desenfreadas de nudez, desejo e inclusive penetração, há também interlúdios mais lúdicos, com dança, música e até uma coreografia de Blondie. Parque de Diversões é sobretudo corajoso, e não um filme masturbatório, que rompe livremente e sem tabu as vivências do mundo LGBTQIA+, em um Brasil ainda muito conservador.
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