quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Veneno(Poison, EUA, 1991)


Veneno, de 1991, marcou a estreia de Todd Haynes, diretor de Velvet Goldmine e Longe do Paraíso, nos longas-metragens. Em sua estreia ele já se inseria no movimento chamado New Queer Cinema, fazendo um filme experimental, criativo, inovador, e com uma estética lúdica ao mesmo tempo que perturbadora.

A exemplo de Rainer W Fassbinder e sua obra prima Querelle, Haynes se inspirou na literatura de Jean Genet para desenvolver três histórias relacionadas entre si. Remetendo ao expressionismo alemão o filme começa com em cenas PB com “Herói” sobre um menino, de 7 anos, que mata o pai, em uma noite de terror, e que depois terá sua verdade desvendada em um falso e famigerado documentário.


Em “Horror”, essa sim toda em PB, temos um cientista que ao tentar inventar uma fórmula relacionada à sexualidade acaba consumindo a substância, no melhor estilo O Médico e o Monstro, e fica extremamente doente. Essa história é uma analogia para a epidemia da AIDS, que naquela época explodia no mundo. Ao transmitir a doença, para a mulher, através de um beijo isso fica bastante evidente.

 

Em “Homo”, a história mais Jean Genet de todas, vemos um homem que se sentia atraído por outros em um reformatório e que agora, vive sua sexualidade junto a outros detentos na prisão. Nesse contexto puramente masculino que temos a cena mais emblemática do filme, com vários homens cuspindo no protagonista, remetendo a um banho de esperma.


Veneno têm um caráter experimental, mas é certamente um ponto de partida para o new queer cinema ao lado de filmes como Paris is Burning e The Watermelon Woman. Em seu debut Todd Haynes realizou uma obra marginal, poética e reflexiva que servia de princípio para a bela carreira construída pelo diretor.

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