sábado, 11 de fevereiro de 2023

Batem à Porta(Knock at the Cabin, EUA, 2023)


M. Night Shyamalan é conhecido por suas reviravoltas desde que surpreendeu ao mundo com O Sexto Sentido1999). Dessa vez, o diretor adapta pela primeira vez, um romance como fonte de material para seu filme, O Chalé do Fim do Mundo, de Paul Tremblay. 

O filme  carrega seu enredo bem no início do filme. Os dois pais Andrew (Ben Aldridge) e Eric ( Jonathan Groff) estão em uma cabana de verão com sua filha adotiva, Wen (Kristen Cui). A paz deles é quebrada por um grupo de estranhos inicialmente ameaçadores, mas cada vez mais benevolentes, liderados pelo rude, mas conciliador Leonard ( Dave Bautista), que invadem, amarram os pais e explicam o motivo de sua visita; a fim de evitar a aniquilação da população mundial, um dos três membros da família deve se sacrificar. Caso contrário, Andrew, Eric e Wen serão as únicas pessoas vivas no planeta. A escolha impossível, salve um para salvar a todos nós. Shyamalan, um mestre da tensão e da consideração, sente-se em casa com este material e imediatamente nos coloca sob seu feitiço. 


De fato, este é talvez o empreendimento mais despojado do cineasta em termos de enredo e locação e atua mais como um jogo de câmara do que como o apocalipse. No entanto, dá pra sentir o mundo desabar, nessa única cabana quando as tensões emocionais começam a se romper.


O dilema 'pessoal versus global' de Andrew e Eric é enfatizado com flashbacks seletivos da vida amorosa mostrando-os lutando pela aceitação, primeiro como um casal gay e depois como pais de um bebê adotivo.


Alguns filmes usariam essa configuração como um trampolim para um horror de sobrevivência no qual a família é forçada a se defender contra estranhos intrusos em emocionantes sequências de ação. Mas a história segue uma direção diferente, mais voltada para o personagem e perturbadora. Os bandidos são apologéticos e apocalípticos, apresentando seu desafio com polidez enervante.


Dave Bautista é excelente como o líder da gangue de sociopatas envergonhados. Ele é um monólito iminente, um pesadelo físico que preenche o quadro cuja implacabilidade se torna ainda mais assustadora por sua sensibilidade.  Rupert Grint também é excelente como um caipira inquieto e fervilhante, adicionando uma dose de volatilidade violenta à mistura. 


Superficialmente, Batem à Porta é uma história de terror opressiva, onde o aspecto ameaçador da história é agonizante, mas há uma sensação de que Shyamalan está controlando os golpes. 


O filme é esparso e economicamente narrado, dando-nos muito espaço para refletir sobre os temas globais mais profundos levantados por seu dilema desesperado. Ele confronta a realidade de um mundo indo para o inferno e nosso poder para detê-lo. 


É admirável a maneira como M. Night Shyamalan sempre oferece filmes tensos e inquietantes com grandes ideias. Batem à Porta pode não amedrontar tanto quanto histórias de terror semelhantes, mas um filme de Shyamalan é sempre bem-vindo quando toca na porta.


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