quinta-feira, 18 de setembro de 2025

Bijou (EUA, 1972)

 Lançado em 1972, “Bijou" é uma ousada incursão de Wakefield Poole no cinema adulto gay, desafiando sua época. Com um orçamento modesto de $22.000, Poole criou uma experiência cinematográfica que transcende o gênero pornográfico, incorporando elementos de surrealismo e estética avant-garde. A ausência de diálogos e a predominância de música clássica contribuem para uma atmosfera onírica e introspectiva.

A trama segue um operário da construção civil , vivido por Bill Harrinson, que, após testemunhar um acidente de carro, encontra um convite para o clube "Bijou" na bolsa da vítima. Ao adentrar o clube, ele é imerso em um ambiente surreal onde os desejos e fantasias se tornam realidade. Essa jornada simboliza a exploração do inconsciente e dos desejos reprimidos, refletindo as tensões sociais e pessoais da época.


Poole utiliza uma paleta de cores vibrantes e iluminação dramática para criar um ambiente visualmente impactante e provocar cenas de masturbação, pênis avantajados e penetração. A cinematografia é marcada por composições meticulosamente planejadas, com uso criativo de espelhos e fumaça, evocando uma sensação de distorção da realidade. Essa abordagem estética é reminiscente de cineastas como Kenneth Anger, que também exploraram o simbolismo e o surrealismo no cinema.


“Bijou” foi aclamado por sua inovação e sensibilidade artística, sendo considerado um marco no cinema adulto gay. Poole desafiou a ideia de que filmes pornográficos não podiam ser artisticamente valiosos, e assim como James Bidgood, com seu clássico “Pink Narcissus”, abriu caminho para uma nova abordagem no gênero.


Mais do que um simples filme erótico, “Bijou” é uma exploração sensorial, sexual e emocional dos desejos humanos. Sua fusão de erotismo, arte e simbolismo psicológico o torna uma obra atemporal que continua a influenciar cineastas e a comunidade queer. 


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