quinta-feira, 20 de junho de 2024

Becoming Karl Lagerfeld (França, 2024)

Vagamente baseado na biografia Kaiser Karl, de Raphaëlle Bacqué, publicada logo após a morte de Lagerfeld, em 2019, Becoming Karl Lagerfeld apresenta um exame muito bem fundamentado do homem mais lembrado por seus cabelos brancos, rabo de cavalo e icônicos óculos escuros.

É aqui que conhecemos o ambicioso freelancer que estava desesperado para deixar sua marca, forjando rivalidades ferozes e emaranhados românticos ao longo do caminho. No centro de tudo está o hipnotizante retrato de Daniel Brühl como o enigmático jovem Karl.

A série cobre aproximadamente dez anos da vida de Lagerfeld, bem no auge de sua carreira como designer para Chloé e Fendi, antes de seu trabalho com a Chanel transformá-lo no Karl Lagerfeld que lembramos hoje. Mas Becoming Karl Lagerfeld não está interessado nesse aspecto de sua vida, pelo menos não nas minúcias dele. Em vez disso, a série se concentra em relacionamentos interpessoais,


A atração não se esquiva dos aspectos mais pesados de seu envolvimento com Yves Saint Laurent (Arnaud Valois, de 120BPM). A história explora a rivalidade florescente, mas tensa, de Karl e Yves, enquanto ambos buscavam chegar ao topo e definir a era através de seus designs. A competição só foi intensificada pelo carinho que ambos passaram a desenvolver pelo mesmo homem, Jacques de Bascher(Theodore Pellerin). Como Karl continuou seu romance com Jacques, apesar de inúmeros obstáculos, isso colocou ainda mais tensão em seu relacionamento com Yves. 


O design de produção, de Jean Barrasse, é bastante glamouroso. Não faltam a alta-costura colorida dos anos 70 ou o estilo moderno, mas marcante, característico do próprio Lagerfeld. No entanto, a série de televisão francesa, criada por Isaure Pisani-Ferry, Jennifer Have e Bacqué, usa todo esse glamour e beleza como fachada, revelando os impulsos mais sombrios e isolados do designer. A incrível trilha sonora funciona como um cronômetro dos anos.


O desempenho sensível de Daniel Brühl humaniza Karl Lagerfeld sem descartar suas arestas mais afiadas. Entendemos as inseguranças e os muros defensivos por trás de sua persona distante. Mesmo momentos que poderiam mexer com julgamentos, como o tratamento dado aos rivais, tornam-se mais perdoáveis em seu devido contexto. A série acompanha como sua natureza protegida evoluiu em uma indústria implacável.


Brühl e Theodore Pellerin compartilham uma tremenda química na tela, eletrizando até mesmo os momentos apáticos de seus personagens. Seus olhares saudosos e trocas agridoces ressoam com emoção reprimida.


Ainda há espaço para uma narrativa bastante profunda e o estudo de personagem de Lagerfeld, que está quase desesperadamente se esforçando para triunfar, escondendo-se, mascarando-se e isolando-se, porque enfim, tinha um estilo peculiar.


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