sexta-feira, 7 de junho de 2024

MATHEUS MARCHETTI DISPONIBILIZA SEU LONGA “VERÃO FANTASMA” DURANTE O MÊS DO ORGULHO.

Promessa do horror queer no cinema nacional, Matheus Marchetti está disponibilizando seu longa de estreia “Verão Fantasma”, gratuitamente durante as celebrações do Mês do Orgulho. Rodado de forma independente, e ainda longe do streaming, o público agora tem a oportunidade de assistir a essa Ópera Rock de Horror Queer. E vem mais por aí, o diretor está terminando a edição de “O Labirinto dos Garotos Perdidos”,“O Labirinto dos Garotos Perdidos”, que chega em 2025 no circuito de festivais.


Verão Fantasma (Brasil, 2022)


Desde o início, Verão Fantasma, de Matheus Marchetti, é explícito sobre os rumos que pretende tomar. As cenas são banhadas em luz vermelha ou verde remetendo ao mítico giallo italiano. A câmera se move de forma lânguida, sonhadora, demorando-se em objetos específicos como um curioso espelho em forma de leque.


Dois jovens, se encontram em uma casa grande e abandonada. Um deles está rodeando o lugar; o outro quer usá-lo  para se encontrar com os amigos. No devido tempo, esses dois se apaixonarão, mas as circunstâncias estarão longe de ser simples.


Eles se reúnem na praia, compartilhando uma lenda local sobre um músico obsessivo que escreveu sua obra-prima, uma ópera em sangue humano, e nunca mais foi visto. Algo sinistro parece estar à espreita na água. Quando eles se divertem na piscina, uma presença invisível tenta afogar Martin (Bruno Germano). 


“Meu trabalho em geral sempre bebe muito do cinema de horror da década de 70, mas normalmente vai mais para algo europeu ou mesmo brasileiro desse período, filmes que abraçam o gênero de uma forma menos convencional. Com o “Verão Fantasma”, como a ideia era fazer um filme adolescente, eu fui atrás daquele estilo mais “pop” do horror norte-americano desse período. O primeiro “Sexta Feira 13” em especial foi uma forte referência em estrutura, sendo um filme que na primeira metade não acontece praticamente nada. Em termos do roteiro em si, acho que a narrativa inteira foi moldada em cima do “Let’s Scare Jessica to Death”, do John Hancock - se você assistir um em seguida do outro, vai ver que é praticamente um remake.” conta o diretor.


Martin está em uma missão. Há muito tempo, antes de entender sua sexualidade ou o que isso poderia significar para ele socialmente, ele se apaixonou por um de seus amigos, um menino loiro e magro chamado Daniel (Daniel Paulin). Pouco tempo depois, Daniel desapareceu e ninguém sabe o que aconteceu com ele. 


Às vezes ele pensa que o vê. Isso parece estar emaranhado com seus crescentes sentimentos por Lucas (João Felipe Saldanha). Ao seguir pistas na vida real e em sonhos que podem resolver o mistério do desaparecimento de Daniel, Martin parece desenvolver um crescente senso de admiração pelo mundo e tudo que ele tem a oferecer, uma bela evocação da emoção de amadurecer e expandir seus horizontes.Para o cineasta “O musical traz esse aspecto lúdico que intensifica a loucura dessa segunda metade, um mergulho no mundo dos mortos”.


“ Acho que é isso que o terror é, no fim das contas, um confronto e expurgo dos horrores da realidade pela fantasia. Gosto de falar que o horror já nasceu queer, nas mãos de F.W. Murnau e James Whale, e ter cada vez mais artistas LGBTQIA + contando essas histórias - e principalmente aqui no Brasil, com todas as suas assombrações - é mágico. Muito feliz de estar no meio disso tudo ao lado de tantos diretores maravilhosos”.


Esses horizontes são expandidos para o sobrenatural, em um filme que continua atrevido à medida que a história avança, nunca deixando suas óbvias limitações orçamentárias atrapalharem. Suas ambições crescem não apenas narrativamente, mas estilisticamente, à medida que se transforma em um musical, uma ópera escrita com sangue, e os efeitos especiais se tornam cada vez mais elaborados. “Essa atmosfera de sonho acordado que vai crescendo, e que ocupa o filme em forma musical durante a segunda metade, queria algo que fosse totalmente liberto de qualquer pretensão de realidade ou verossimilhança - um pesadelo inescapável e inexplicável”, explica Marchetti.

Embora seja um filme com muitos novatos no elenco, os personagens se mantêm em equilíbrio. Há uma exuberância alegre nas cenas de sexo e é revigorante ver um jovem com um corpo normal, com dobrinhas, apresentado como objeto de desejo, enquanto os outros  ganham suas próprias histórias dramáticas. “O personagem Martim foi construído em cima do Bruno, então ele estava atrelado ao projeto desde o primeiro momento - e inclusive foi um grande colaborador no processo criativo, opinando e ajudando a moldar a história”, conta o diretor sobre a escolha de elenco.


Absurdo, nada aqui é exatamente o que parece. Verão Fantasma é extravagantemente camp e com sustos improváveis, embora navegue sabiamente pelos subgêneros do terror.  Um deleite para os amantes de horror queer. “Eu gosto de pensar que o filme é o resultado dessa mistura de elementos de diferentes gêneros mais do que representativo de qualquer um deles especificamente. Ele é, de fato, um horror musical, isso é inegável, mas quem vier procurando um horror convencional ou um musical convencional vai se decepcionar. Pra mim a mágica está justamente nessas combinações, em jogar esses elementos num caldeirão e cozinhar até surgir algo novo”, finaliza Matheus Marchetti.



ASSISTA VERÃO FANTASMA:


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