sexta-feira, 22 de abril de 2022

Frida(EUA/México, 2002)

A história de como Salma Hayek tentou durante anos interessar Hollywood em Frida Kahlo é um filme por si só. Sua habilidade como produtora, sua tenacidade como lutadora, seu talento como artista e sua inspiração como atriz finalmente se concretizaram nessa adaptação do livro de Hayden Herrera. Amigos próximos, como Ashley Judd, Antonio Banderas e Diego Luna, fazem pequenos papéis como forma de apoio.

Dirigido por Julie Taymor, cujo trabalho nos palcos da Broadway é reconhecido internacionalmente, este é um filme biográfico que usa a criatividade como ferramenta para dissecar uma vida tempestuosa.

Nascida de pai judeu alemão e mãe mexicana, Frida cresceu na Cidade do México em uma época em que era um foco de exílio e intriga. Como estudante, ela vai ver o grande muralista Diego Rivera(Alfred Molina) no trabalho, chama-o corajosamente de "pançudo" e já sabe que ele é o homem de sua vida.


Em 1925, a jovem Frida Kahlo, ainda estudante, se envolveu em um acidente de ônibus, que quase a matou. Durante longos meses de recuperação, ela deitou na cama pintando e quando finalmente conseguiu andar novamente levou suas telas ao famoso Diego Rivera para seu conselho. "Espero ser uma aleijada auto-suficiente", disse ela ao pai.


Seu caso de amor com Rivera durou até o dia em que ela morreu, aos 46 anos. Vinte e um anos mais velho que ela, o muralista era conhecido como mulherengo, comunista e um marido infiel. Ainda assim, Rivera e Kahlo se casaram duas vezes.

O filme captura o clima do momento com talento e estilo genuínos e enfatiza o debate político sério em mesas rodeadas por tequila. A bissexualidade de Frida é abordada em alguns momentos. Seu caso com Leon Trotsky (Geoffrey Rush), em exílio no México, é rapidamente pincelado.

As pinturas de Frida muitas vezes mostram a si mesma, sozinha ou com Diego, e refletem sua dor e seu êxtase. Elas estão em uma escala menor do que os famosos murais, e a arte dela é ofuscada pela de Rivera.

Sua fama o leva a um incidente infame, quando ele é contratado por Nelson Rockefeller (Edward Norton) para criar um mural para o Rockefeller Center, e corajosamente inclui Lenin entre as figuras que pinta. Rockefeller ordena que o mural seja destruído para sempre.

Os roteiristas ficam próximos da relação central, sem perder o contato com a liberdade de pensamento da intelectualidade mexicana. O entusiasmo de Hayek irrompe na vida de Frida, irradiando-a com vitalidade, e Molina é magnífico como um adorável patife cujo respeito pelo trabalho de sua esposa supera qualquer obsessão pelo seu.


Filmado inteiramente em locações no México, Taymor conseguiu recriar um momento extraordinário para uma mulher excepcional e simbólica.  Ela faz isso com amor e imaginação levando a arte à vida e tudo acompanhado por uma sublime trilha sonora com Chavela Vargas e Lila Downs, que inclusive fazem aparições, Carlos Gardel e a canção indicada ao Oscar, Burn it Blue, na voz de Caetano Veloso.



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