O filme dirigido por Claudio Marcone é uma provocativa reflexão sobre Santiago: a crise existencial de Bruno(Francisco Celhay), se confunde com a "aura" dos conhecidos cartões postais urbanos do Centro da Cidade, e com o fluxo constante e lamacento, das águas do rio Mapocho.
Bruno é um arquiteto que passa por um complicado processo de crise interna, que o leva a se distanciar da esposa, Soledad (Daniela Ramírez), e do filho único de oito anos. Em meio a toda essa incerteza, Bruno conhecerá Fernando (Emilio Edwards), um historiador assumidamente homossexual, com quem deverá colaborar para realizar um ambicioso projeto que lhe foi confiado.
A personalidade cativante de Fernando gera uma atração inexplicável em Bruno, que encontra a possibilidade de se redescobrir por meio de conversas apaixonadas e da exploração de uma nova dimensão de sua própria sexualidade.
No caso particular de Bruno, ele terá que superar, como dificuldade adicional, a forma como aborda o processo de desmoronamento e reencontro consigo mesmo, duramente marcado por incertezas por vezes inacessíveis para quem está acostumado a ter sucesso.
É preciso se envolver nessa fixação artística para captar a essência do movimento da cidade, exibida pela direção. A montagem, nesta linha de análise, se delineia diante de certas inconsistências narrativas: Os protagonistas transitam a toda velocidade pelas ruas e bairros históricos da capital chilena.
De fato, Santiago surge como o interlocutor válido para Bruno e Fer, na solidão e falta de comunicação que os oprime antes do encontro amistoso e sentimental, que mais tarde protagonizam. Por isso, mais do que um filme sobre a homossexualidade, é uma reflexão imposta pela solidão das grandes cidades.
O filme tem um valor profundo que reside nas suas características de documento histórico, na medida em que capta sensivelmente uma cidade e os seus habitantes num dado momento dentro da constante e imparável mudança impulsionada por processos de modernização.
O principal eixo da trama: o do conflito interno e a calamidade que produz a dúvida sobre a própria sexualidade é como na própria vida, onde as coisas nunca são em preto e branco, mas sim dentro de uma ampla gama de cinzas.
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