segunda-feira, 4 de abril de 2022

Tick, Tick... BOOM!(EUA, 2021)


Lin-Manuel Miranda, o criador e estrela de Hamilton, dirige Tick, Tick…BOOM! com uma profunda compreensão da paixão, luta e ebulição de um artista comprometido com uma forma de arte que exige muito para ser trazida à vida. Este filme é adaptação do próprio musical autobiográfico de Jonathan Larson, aqui numa atuação indicada ao Oscar de Andrew Garfield.

Garfield habilmente transmite o sentimento de urgência de Larson e a mistura de confiança, ambição e frustração de um artista que tem muito a dizer e ainda tem que lidar com as realidades e fracassos da vida cotidiana, incluindo decepcionar as pessoas que deram tanto para apoiá-lo. 

Além disso, embora ele esteja trabalhando como garçom em um restaurante, ele não tem dinheiro, seu melhor amigo e colega de quarto está se mudando, sua namorada precisa saber se ela deve aceitar um emprego. O melhor amigo Michael(Robin de Jesus) finalmente lhe diz que tem HIV, o mesmo vírus que matou três dos seus, todos na casa dos 20 anos, e está devastando a população queer de Manhattan.


Há muitos prenúncios de Rent, sua obra prima lançada pouco após sua morte, Há o amigo que ele acusa de se vender e a devastação da AIDS. A energia de Larson está desligada e ele tem que acender uma vela. Depois, há a namorada que é dançarina. Esta é uma história do vislumbre da criação da arte que reflete na vida e vice e versa.

Larson, como muitos gênios, parece completamente egocêntrico e não consegue ver as turbulências pessoais de todos aqueles próximos a ele. Pelo menos a seu favor, ele tem a capacidade de mudar quando a ficha finalmente cai. O ativista desperta e explora questões sociais como multiculturalismo, vício, sorologia e homofobia em seu trabalho.


No filme também vemos como ele ficou grato pela ajuda daqueles que vieram antes dele, como Stephen Sondheim (Bradley Whitford). Os dois desenvolveram um respeito mútuo pelo trabalho um do outro, o que foi uma descoberta muito refrescante.

Garfield mostra a pura paixão de Larson principalmente por seu trabalho, mas também pela vida. Ele é um personagem complexo, mas com uma personalidade tão carismática e criativa que é contagiante e que permite que de alguma forma ele se livre de grande parte de seu comportamento antissocial.


Este filme é sobre o período de tempo em que Larson reagindo à sua agente (Judith Light) dizendo-lhe para escrever sua própria versão de La Boheme, troca o esplendor delicioso do mundo de Puccini e o substitui com a confusão e o barulho da vida em Nova York, no que hoje conhecemos como Rent.


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