quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

Nossa Senhora dos Assassinos(La Virgen de los Sicarios, Espanha/França/Colômbia, 2000)

Em Nossa Senhora dos Assassinos, de Barbet Schroeder, após trinta anos de ausência, o escritor Fernando Vallejo (Germán Jaramillo), que perdeu a vontade de viver, volta a Medellín para ali morrer. Em um bordel administrado por um de seus conhecidos, ele conhece Alexis (Anderson Ballesteros), um adolescente de dezesseis anos da periferia.

Uma relação amorosa é imediatamente estabelecida entre o velho escritor e o jovem. Último sobrevivente de uma gangue cujos membros foram todos eliminados, agora condenado à morte por uma gangue rival de outro distrito, a vida de Alexis, assim como a de Fernando, está por um fio.

Eles vão morar juntos na casa, sem mobília, de Fernando, passando os dias vagando pela cidade assolada pela violência. Apesar dos protestos de Fernando, Alexis mata várias vezes para defendê-lo, empurrando-o irremediavelmente para uma espiral mórbida e fatal.


Nossa Senhora dos Assassinos nasceu do desejo recorrente de Barbet Schroeder de poder rodar um filme em seu país de coração, a Colômbia, onde passou cinco anos de sua infância. Depois de duas décadas procurando um escritor colombiano que pudesse escrever um roteiro e se interessar por um projeto cinematográfico, o cineasta suíço descobriu Fernando Vallejo.


O longa é uma trágica história de amor, semibiográfica, desprovida de qualquer sensacionalismo. A partir de um romance homossexual tratado como fato, sem preconceito, ou ativismo, Barbet Schroeder se baseia sobretudo em uma abordagem natural.

Filmado em condições documentais, de cinema de guerrilha, testemunhando a dura realidade crua de Medellín, Nossa Senhora dos Assassinos foi rodado principalmente em Steady Cam. O longa se diferencia pelo desejo de seu diretor de filmar Medellín de aspectos imersivos. Personagem de pleno direito na história, a cidade ocupa permanentemente cada plano.

Ancorada na realidade pelas suas várias músicas de fundo, salsa, bolero, tango, Nossa Senhora dos Assassinos distingue-se também pelas suas passagens oníricas, fazendo-a passar para o lado do irreal, em que Fernando vê fluxos vermelhos de sangue fluindo para uma lagoa azul.


Apesar do perigo envolvido em sua produção, da violência que permeia todos os seus momentos e da sensação documental da fotografia, Nossa Senhora dos Assassinos não é um exercício sombrio de realismo social. O desprendimento de Fernando dá o tom. Ele não pode facilmente ficar chocado e consternado, porque ele está saindo da vida. 

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