Num dia quente de verão, Paloma(Kika Sena) decide realizar o seu sonho mais caloroso: um tradicional casamento na igreja com o namorado Zé(Ridson Reis). Ela é uma mãe dedicada, agricultora e tem economizado para pagar a festa. A recusa do padre em casá-los obrigará Paloma a enfrentar a sociedade rural. Ela sofre violência, traição, preconceito e injustiça, mas nada abala a fé e a determinação dessa mulher trans.
Paloma, de Marcelo Gomes, é um filme baseado em fatos reais que denuncia a transfobia. O roteiro de Gustavo Campos, Armando Praça e Marcelo Gomes, parte de fatos reais para ficcionalizar esse drama que expõe a violência machista por questões de gênero.
Zé é um trabalhador que, diante do desejo e ilusão de sua companheira Paloma, de se casar de branco perante a Igreja, tenta dissuadi-la por causa de sua condição trans, e finalmente aceita por causa do amor que sente por ela. Enquanto preparam o futuro casamento, eles guardam dinheiro há muito tempo para celebrá-lo.
Paloma trabalha como catadora de mamão em uma grande fazenda, combinando com cabeleireira em meio período. Ela tem uma filha de seis anos, Jenifer, que vive feliz com eles, para quem ela atua como uma mãe carinhosa e responsável.
Lá em Salóa, pequena cidade do interior de Pernambuco, a vida transcorre simples e monótona, alheia às mudanças. A fotografia luminosa, de Pierre de Kerchovey, e as letras das canções, da trilha sonora de O Grivo, destacam os sonhos românticos de Paloma.
O roteiro mostra com realismo convincente Paloma com uma personalidade espontânea, ingênua e gentil, mas ao mesmo tempo muito sensível e vulnerável. Encontra-se quase sozinha sem a sua família de origem que parece inexistente e nunca sequer falada.
Fica clara a denúncia do diretor Marcelo Gomes sobre o sexismo das pessoas diante do que é diferente, pelo simples fato de não ser convencional. Ao mesmo tempo, Paloma é um filme que normaliza a vida do casal, tanto em seus afazeres cotidianos quanto nas cenas sexuais corajosamente apresentadas.
Marcelo Gomes conta a história de uma mulher forte que luta contra a resistência na sociedade brasileira e católica, mas também dentro de sua comunidade e família, e não cede. Seu sonho de uma vida livre se manifesta no projeto do casamento, mas é claro que significa muito mais. Paloma quer ser aceita por quem ela é, como ela se sente.
Como Paloma, Kika Sena, oferece uma atuação poderosa, ela é o coração e alma do filme, trazendo uma autenticidade comovente ao papel. Você sente que ela viveu parte da história da personagem, que suas histórias se fundem de alguma forma.
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