2022 foi certamente um ano interessante para o cinema LGBTQIA+. Além de muitas obras naturalizando personagens queer, que não são o centro da temática, o coming-of-age se consolidou como um dos subgêneros mais queridos. As biografias(e até as inventadas) ganharam vida! Teve produções de Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo, com cineastas consagrados e estreantes lançando suas obras, principalmente por meio dos grandes festivais. Também foi um grande ano para o cinema nacional, com os nossos filmes sendo premiados e finalmente ganhando as salas de cinema para depois irem para o streaming. E se há longas de 2021, é porque somente se tornaram acessíveis neste ano e não poderiam ficar de fora. Então vamos logo aos nossos preferidos do ano que está terminando:
Camila Sairá Esta Noite, de Inés Barrionuevo, é um excelente exemplo de como contar uma história adolescente, mergulhada nas questões sociais da juventude. É filmado com um estilo impressionantemente atraente que prende sua atenção do início ao fim. É emocional, político, romântico e encantador.
Cate Blanchett está magnífica em Tár, de Todd Field. A atriz brilha de forma tão impressionante, protagonizando a ascensão e queda, de Lydia Tár, a primeira mulher da história a se tornar diretora em Berlim, de uma das orquestras mais importantes do mundo, uma estrela internacional de primeira grandeza no campo da música clássica.
08 - Tudo em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo( Everything Everywhere All at Once, EUA, 2022)
O inventivo filme de Daniel Kwan e Daniel Scheinert, conhecidos coletivamente como Daniels, impacta por suas multicamadas estéticas e profundidades no roteiro, e ele é tudo inclusive queer. Michelle Yeoh estrela como Evelyn, sua filha Joy(Stephanie Hsu), abertamente gay, traz sua namorada para casa na esperança de se assumir para seu avô Gong Gong (James Hong), mas Evelyn abafa o caso.O filme é surpreendentemente uma obra sobre a aceitação da identidade LGBTQIA+. O drama familiar quebra todos os gêneros cinematográficos e centra-se nas relações, em forma de saga repleta de ação, absurdos e referências,
Um encontro espiritual entre dois mestres do cinema, o prolífero cineasta francês François Ozon e o falecido alemão Rainer Werner Fassbinder, cuja obra As Lágrimas Amargas de Petra Von Kant(1972), serve como base para Ozon construir uma sátira lúdica e musical sobre o ídolo. O ator Denis Menochet, em uma performance tour de force, personifica o próprio Fassbinder, inclusive em maneirismos e compulsões. Peter von Kant é uma criatura fascinante e excêntrica, um homem condenado à autodestruição por seu próprio egocentrismo melancólico.
É 31 de dezembro de 1982. O biólogo Suzano(Johnny Massaro), está de volta à Vitória, na casa da irmã Maura(Clara Choveaux) e do sobrinho Muriel(Alex Bonini), após uma temporada em Paris. O personagem já começa a apresentar sintomas, de algo que ele sabe que contraiu, e se prepara para a proximidade da morte.Os Primeiros Soldados, de Rodrigo de Oliveira, descentraliza a ação do eixo Rio-SP, e nos leva para o Espírito Santo, para tratar de um tema até então pouco explorado no cinema nacional: o início da epidemia da AIDS
Ainda bem que há um documentário em nossa lista, um gênero incompreendido pelo qual tanto prezo e o melhor, é sobre David Bowie! Moonage Daydream, de Brett Morgen, é um surto de epifania, uma gloriosa montagem comemorativa e caleidoscópica de material de arquivo, imagens de performances ao vivo, vídeo-arte e pinturas experimentais do camaleão do rock.
Vencedor do Grand Prix, em Cannes 2022, Close, de Lukas Dhont, segue Leo (Eden Dambrine) e Remi (Gustav De Waele) dois adolescentes, amigos de infância. Muito próximos, eles compartilham um forte vínculo. Na escola, os dois meninos são inseparáveis. Mas, um dia, um grupo de meninas pergunta: “Vocês estão namorando? ". Uma observação sem agressividade, mas uma representação clara da homofobia comum que mudará drasticamente o destine dos personagens.
Great Freedom, um filme incisivo e excelente que é parte drama prisional e parte uma história de amor realizada pelo cineasta austríaco Sebastian Meise, contando a história do encarceramento de um homem gay que durou várias décadas. O longa conta de forma gloriosa a história da perseguição aos homossexuais e, posteriormente, à vida e ao amor entre pessoas do mesmo sexo na Alemanha, mesmo após a era nazista. O filme faz um lembrete sobre a longa jornada que a comunidade LGBTQIA+ traçou até aqui e impõe a certeza de que nada dura para sempre.
02 - Paloma(Brasil/Portugal, 2022)
Paloma(Kika Sena) decide realizar o seu sonho mais caloroso: um tradicional casamento na igreja com o namorado Zé(Ridson Reis). Ela é uma mãe dedicada, agricultora e tem economizado para pagar a festa. A recusa do padre em casá-los obrigará Paloma a enfrentar a sociedade rural. Ela sofre violência, traição, preconceito e injustiça, mas nada abala a fé e a determinação dessa mulher trans. O filme, de Marcelo Gomes, é baseado em fatos reais e denuncia a transfobia.
01 - Fogo-Fátuo(Portugal/França, 2022)
Apresentado como um delírio musical pelo seu realizador, João Pedro Rodrigues, Fogo-Fátuo assume efetivamente a forma de um sonho, mostrando-se como as últimas memórias ou devaneios de um velho no leito de morte. O ano é 2069. O Rei Alfredo (Joel Branco) está morrendo e revive sua vida. Ele se lembra de sua infância e juventude, de seu pai, que o apresentou ao seu amor pela floresta, e de sua mãe, sempre insatisfeita com suas decisões.
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