quarta-feira, 8 de março de 2023

All the Beauty and the Bloodsheed(EUA, 2022)


 
All The Beauty and The Bloodshed é um documentário poderoso e premiado, de Laura Poitras,  que acompanha a vida da fotógrafa Nan Goldin. Em 6 capítulos, somos levados de sua infância até seu ativismo para derrubar a família Sackler, a dinastia farmacêutica amplamente responsável pelo enorme número de mortos na epidemia de opióides. 

Após uma infância difícil e traumática, na década de 1960, ela foi encorajada a tirar fotos para encontrar sua voz. Ela estudou fotografia em Boston e lá conheceu um grupo de criativos com ideias semelhantes. Goldin e seus amigos seguiram para Provincetown, que já era uma meca queer. Lá ela trabalhou em um bar de lésbicas, viveu em uma comunidade e saiu com pessoas como Cookie Mueller, Divine e John Waters.


Ela documentou seus amigos nessa cena muito sexy e subversiva do centro da cidade, e começou a mostrar slides de suas imagens à noite, sempre acompanhadas por diferentes trilhas sonoras. Seu trabalho reforçava o poder da amizade e o poder que os homens tinham sobre as mulheres naquele momento.


A metade dos anos 80 viu com mais interesse a obra de Goldin. Ela documentou a violência de seu namorado contra ela e isso levou à publicação em 1986 do livro The Ballad of Sexual Dependency. Suas apresentações de slides continuaram a ganhar popularidade e ela começou a chamar a atenção de galerias e colecionadores. Naquela época, a AIDS e o vício em heroína estavam causando estragos.


Ela colaborou com o amigo e colega artista David Wojnarowicz em uma mostra de arte com tema de AIDS, 'Witness - Against Our Vanishing', que causou muita controvérsia, ao mesmo tempo em que aumentava a tão necessária conscientização sobre a doença. Isso deu início ao gene ativista em Goldin e ela se envolveu com a ACT UP.


Durante o mesmo período, a família Sackler, com sua empresa familiar, a Purdue Pharma, tornou-se muito rica graças a um remédio viciante, o Valium. A família passou a desenvolver o OxyContin e o Fentanyl, ambos analgésicos à base de químicos altamente toxicômanos. Os caminhos de Goldin e da família Sackler poderiam nunca ter se cruzado se a artista não tivesse recebido OxyContin para alívio da dor após uma cirurgia.

Ela tornou-se imediatamente viciada na droga que tomou conta de sua vida por vários anos. Farta com a facilidade com que um medicamento prescrito poderia arruinar sua vida, ela escapou por pouco da morte por overdose. Goldin decidiu aproveitar sua experiência de ativismo contra a AIDS para enfrentar a Família Sackler.


Desde 2017, Nan Goldin é o fundadora e líder de um grupo de ativistas conhecido como PAIN (Prescription Addiction Intervention Now), que se propôs o ambicioso desafio de atingir Sackler onde mais dói: na imagem da mídia que a família construiu para si mesma ao longo das décadas, graças a obras filantrópicas e grandes doações a museus. Por meio de uma série de protestos eles conseguiram persuadir instituições como Guggenheim, MOMA, The Tate e o The British Museum a parar de aceitar doações da família.


Ganhador do Leão de Ouro no Festival de Veneza, o documentário é tão inspirador mostrando como o ativismo coletivo pode trazer mudanças. A contribuição de Goldin é generosa, tanto por seus depoimentos, mas também com muitas filmagens inéditas, histórias não contadas e imagens dos anos 1970 e 80. Certamente, sua postura positiva em relação à comunidade LGBTQIA + é digna de aplausos.



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