Simone(Sol Miranda), uma jovem estudante, leva uma vida dupla. Durante o dia ela se prepara para exercer a advocacia, enquanto à noite, em casa na frente do computador, ela complementa sua renda sendo uma cam girl e se despindo ao vivo.
O filme, de Júlia Murat, ganhador do Leopardo de Ouro, no Festival de Locarno 2022, pega um caminho duplo que se torna mais complexo ao longo do tempo, em ambas as áreas: profissionalmente, Simone começa a se interessar pelos casos de mulheres vítimas de abuso; no privado, porém, o universo do sadomasoquismo torna-se cada vez mais intrigante, com a ajuda de alguns amigos já imersos naquele mundo.
É marcante a interpretação de Sol Miranda, uma atriz em sua primeira experiência diante das câmeras que dá a Simone uma performance matizada onde tudo vem à tona, principalmente emocionalmente.
Regra 34 é um filme onde o racional e o apaixonado se encontram encenando uma viagem introspectiva em nome da sexualidade e dos direitos das mulheres, e que se junta ao componente político ligado ao racismo no Brasil.
A abordagem do enredo é arriscada, e também não deixa de ser didática, mas por sua dualidade certamente não isenta de criar polêmica tanto na sociedade em geral quanto nas diversas correntes do feminismo.
Além disso, a perspectiva se completa com a especial e peculiar relação poliamorosa que Simone mantém com sua amiga e com Coiote(Lucas Andrade) um jovem bissexual cúmplice em seus turbulentos relacionamentos.
A abordagem decididamente corajosa do filme é notável, não apenas nas cenas realistas filmadas muitas vezes em close-up, mas também na poderosa mensagem independente por trás de Regra 34.
Regra 34 é um filme provocativo sobre as relações humanas onde o sexo, até mesmo através da música, tem grande poder de questionar o patriarcado. O perfil da protagonista Simone, está bem desenhado para provocar reflexão e polêmica.
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