sexta-feira, 31 de março de 2023

Unicorn Wars(Espanha/França, 2022)


Tirem as crianças da sala. No mundo colorido e sombrio do ganhador do Goya, de melhor animação, Unicorn Wars, seguimos as aventuras de dois irmãos ursinhos de pelúcia: o malvado e ardiloso Azulín e o fofinho Gordi. Enquanto Gordi tenta ser amigo de todos, Azulín sonha com a glória e a beleza eterna, e sacrificará tudo para se tornar o urso profetizado que matará o último unicórnio. 

O diretor Alberto Vázquez brinca com a ideia do filme numa construção de pavor e narrativa de uma mitologia única. O realizador afirmou em entrevistas que teve três grandes influências para o filme: Bambi(1942), Apocalypse Now(1979) e a Bíblia. Surpreendentemente, ele conseguiu misturá-los muito bem, fazendo uma espécie de gore fofo.


O exército de ursos está em uma longa guerra com os unicórnios, que eles não conseguem vencer. Dizem que quem beber o sangue do último unicórnio ficará lindo para sempre. Um regimento de recrutas a priori incapazes de vencer fará uma incursão na Floresta Mágica para uma tocaia, mas suas tropas incluem Azulín, um ursinho invejoso e traiçoeiro.


O filme aborda muitos temas como a doutrinação militar de jovens, o fundamentalismo religioso, a maldade intrínseca e muita violência. E com tudo isso, a animação consegue criar e desenvolver seu universo particular em uma hora e meia.



O design é muito inspirado na cultura queer, com arco-íris sempre à mostra, mesmo em tripas, e símbolos LGBTIQA+, com desenhos e cores para todos os ursos e aplicados cheios de criatividade. Já os unicórnios, apresentam um visual mais solene, sua virtude é baseada em sua simplicidade. 


A história é um verdadeiro mergulho de pesadelo na sensibilidade ecológica e feminista, retratando filhotes de urso belicistas cujas vozes são exclusivamente masculinas enquanto os unicórnios são acompanhados por vozes femininas e lutam contra a agressão acima de tudo.


É uma mistura de Ursinhos Carinhosos com Holocausto Canibal(1980). Alberto Vázquez, depois da seu primeiro longa de animação Psiconautas (2015) corealizada com Pedro Rivero, continua a história do curta Sangre de Unicornio (2013) onde já se falava de uma guerra entre filhotes de urso e unicórnios.

Se o cinema espanhol há muito se destaca pela mestria do terror, esse terreno ainda havia sido pouco explorado pela animação. A fábula ecológica compartilha muitas questões com os filmes do Studio Ghibli, com uma abordagem resolutamente iconoclasta com o objetivo de sensibilizar através de figuras da infância.


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