Cidadãos Preocupados é um intenso drama israelense. Ben (Shlomi Betonov) e seu parceiro Raz (Ariel Wolf) se mudam para um belo apartamento cheio de luz em uma área promissora no sul de Tel Aviv. O local é vibrante e multicultural, mas tem suas questões sociais. Ben e Raz estão otimistas sobre seu futuro e estão ocupados trabalhando e planejando ter um filho por meio de uma mãe de aluguel.
Ben muda seu ambiente não apenas por meio de seu trabalho, sendo responsável pelo projeto arquitetônico do conjunto habitacional modernizado e gentrificado do futuro, que substituirá as zonas pobres, mas também de uma forma mais literal e simbólica, plantando uma árvore jovem e frágil na rua.
Uma noite, ele vê um casal de imigrantes eritreus conversando nervosos perto da árvore com um deles casualmente puxando a árvore para frente e para trás enquanto fala. Ele chama a polícia. Para seu horror, a polícia chega e espanca desnecessariamente o jovem até quase morrer. Isso desencadeia uma onda de sentimentos de culpa em Ben que muda sua vida.
Escrito e dirigido por Idan Haguel, Cidadãos Preocupados é um comentário interessante sobre os valores da classe média urbana. Ben quer que seu filho cresça em um bairro multicultural, pluralista e diversificado, mas quão mente aberta ele realmente é?
A culpa de Ben e a turbulência subsequente desencadeiam muitas emoções, incluindo negação, raiva e frustração. Este é um filme forte e instigante. Ben e Raz são lindamente retratados pelo casal da vida real Betanov e Wolf, cuja química de relacionamento de longo prazo complementa o filme enquanto Ben busca expiação. A angústia silenciosa do protagonista é particularmente bem representada. Os imigrantes na tela são verdadeiros refugiados do Sudão e da Eritreia
A maioria dos filmes que abordam o tema da gentrificação ou se concentra na perspectiva das vítimas ou relega o tema a segundo plano. Aqui, Idan Haguel abre um caminho completamente novo, jogando com uma mistura de melodrama, comédia ácida e cinema socialmente envolvido.
O longa acontece na forma de uma sátira realista que equilibra habilmente entre maldade e seriedade e nunca se desvia do caminho. Era importante para Haguel não contar a história do ponto de vista da vítima, mas do ponto de vista do 'perpetrador', ou seja, do ponto de vista dos brancos e privilegiados, algo que muitos cineastas costumam evitar.
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