Des Garçons de Province, de Gaël Lépingle, construído em três partes, afasta-se das imagens habituais da comunidade queer nas grandes cidades para nos imergir na zona cinzenta de zonas meio urbanas, meio rurais, onde os personagens têm de lidar com sonhos e tédio, com o aqui e agora da pequena cidade.
Entre zonas residenciais e estribos, os três cenários deste conto, banhados pelo calor do sol de Verão, exalam a mesma sensação de ausência e de falta de perspectiva, sem esperança de que a rotina alguma vez mude.
Assim, quando uma pequena, colorida e alegre trupe de homens gays mega pintosos chega à cidade para um show noturno, liderada por Gentiane (Jérôme Marin), mas também incluindo Jonas (Léo Pochat), Big Bertha (Daddy Darling), Princesse (Olivier Normand) e Lola-Cola (Mikarambar), é como um parafuso do nada soltasse para Youcef (Yves-Batek Mendy).
Mas eles estão apenas de passagem, como uma estrela cadente desaparecem no céu, e a vida inevitavelmente continua. Em outra cidade, o filme nos mergulha em um dia de passeio descontraído (de salto) pelas ruas escondendo seus pequenos segredos, na esteira de um jovem bonito (Edouard Prévot) que está esperando seus resultados pós-admissão para partir para novos horizontes.
Conceitual, o filme é uma colcha de retalhos que tem o cuidado de não se rotular como uma obra política e militante, Gaël Lépingle consegue retratar situações que parecem diferentes, mas na verdade são idênticas na essência, valendo-se de um toque de peculiaridade que é tingido com uma pitada de melancolia e outra de erotismo. O longa desenha delicadamente os becos sem saída ou aberturas, para uma busca da distância certa entre os seres.
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