A transição de gênero é um assunto delicado de abordar e que pode facilmente ser mal interpretado, ainda mais quando envolve um elenco cis. Mas Séguéla e seus roteiristas conseguiram fazê-lo, optando por um tratamento leve e irônico para esta divertida comédia contemporânea que percorre suavemente uma cidade convencional do norte da França.
O lugar com suas janelas fechadas, lojas familiares e bares onde os moradores tendem a ser conservadores e não vão aceitar gentilmente um conselho LGBTQ+. A abordagem adotada pelo diretor, no entanto, é quase didática e através da comédia visa levar o assunto da transidentidade para um público mais amplo.
Fabrice Lucchini é perfeito para o papel de Jean Leroy: primeiro incrédulo e depois gentilmente escandalizado de uma forma 'oh la la' quando sua esposa declara, que se sente como um homem, e sempre se sentiu ao longo de seu casamento de 40 anos e três filhos, embora, ainda esteja apaixonado por ele e, em deferência, concorda com a transição após sua campanha eleitoral.
Catherine Frot claramente valoriza o papel de Edith, agora Eddy. Logo os hormônios estão entrando em ação, e Eddy está ostentando uma barba e bigode, sem mencionar uma jaqueta de tweed.
Tristan Séguéla oferece uma comédia dramática madura, divertida e perspicaz, porém arriscada, onde as palavras de ordem são compreensão, gentileza e tolerância, garantindo um final feliz, quase comovente.
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