quinta-feira, 27 de julho de 2023

Arianna(Itália, 2015)


Arianna(Ondina Quadri) tem dezenove anos, mas ainda não teve a primeira menstruação. No início do verão, seus pais decidiram recuperar a posse da casa de fazenda no Lago Bolsena, onde a personagem cresceu até os três anos de idade sem, desde então, ter retornado. 

Durante sua estadia na casa, memórias antigas começam a ressurgir, tanto que Arianna decide ficar mesmo quando seus pais retornam à cidade. O retorno ao lar da infância os traz de volta à superfície como fragmentos de memória guardados dentro de si. 


O tema do filme, pessoas intersexo, é tratado com cuidado, em muitos momentos rementendo à XXY(2007), de Lucía Puenzo. Com seus olhos azuis, Arianna consegue encontrar respostas sobre seu passado, o que a tornará consciente de seu futuro e, finalmente, unir aquelas três existências que viveu durante seus vinte anos, antes sem sentido. 


O primeiro trabalho de Carlo Lavagna parte de uma necessidade pessoal declarada de explorar o tema, de entender por que, às vezes, é difícil, se não impossível, sentir-se inteiramente homem ou inteiramente mulher. Para isso, o autor escolhe um caso extremo relativamente raro.


O que aconteceu com Arianna não é uma revelação chocante para o espectador, que entende desde o início, mas é para a protagonista, que após a descoberta, renasce e finalmente sabe com o que tem que lidar.


O filme ganha força visual pelas variadas e belas paisagens ao redor do Lago Bolsena, com bosques, pedreiras, água e elementos naturais e atmosféricos que remetem à origem mitológica do personagem Hermafrodite, em que o filme se baseia, e os atores coadjuvantes são muito bem escalados.


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