Era a exuberância selvagem com que Little Richard cantava e se apresentava, seja tocando piano ou em pé sobre móveis, sua voz explodindo em volume total e pontuada por gritos primordiais que inspirariam nomes como David Bowie.
Gay assumido e orgulhoso também são maneiras importantes de descrever Little Richard, pelo menos em intervalos. Mas,o falecido protagonista vacilou sobre sua identidade ao longo de sua vida, às vezes escolhendo religião e evangelho em vez de sexualidade e rock.
Cortés povoa seu filme com legiões de celebridades e historiadores, através de novas entrevistas e imagens de arquivo, que falam sobre a influência de Little Richard na música e na cultura em geral. Ouvimos nomes como Mick Jagger, John Waters, Billy Porter, Nona Hendrix, Tom Jones, Nile Rodgers e outros, incluindo familiares, amigos, e estudiosos.
Fica claro que Little Richard lutou com a dualidade, por um lado, ele foi o pioneiro extravagante do rock'n'roll. Por outro lado, ele era uma pessoa religiosa que cresceu na pobreza em Macon, Geórgia. Ele cantava na igreja, mas seu pai-pastor rigoroso não aceitava sua homossexualidade.
No documentário, a diretora Lisa Cortés usa as explosões de galáxias e estrelas como metáfora para mostrar como é incomum que influências e conflitos internos colidam. O espírito de Richard estava ansioso para cantar. Mas em 1982, o outro lado de Richard apareceu no programa de David Letterman para "renunciar" à sua homossexualidade e repetir o discurso da direita.
A razão dele ser considerado o primeiro ícone do rock’n roll é porque ele era diferente de tudo o que se ouvia antes na música, com sua aparência extravagante e atuação no palco. As renúncias e flutuação constante sobre a homossexualidade representam a luta de Richard ao longo da vida para equilibrar o cristianismo e o rock. I’m Everything não revela tudo, o que mostra é a liberdade e a opressão sentidas pelo cantor.
Little Richard: I Am Everything é um documentário bastante interessante, sobre um dos homens mais dinâmicos e espirituosos da história do rock and roll. É um filme sobre o branqueamento da indústria musical e a apropriação da música negra, bem como o reconhecimento tardio de Little Richard como arquiteto do rock. Ele era uma contradição, mas o poder de sua personalidade e música garantiram seu legado.
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