Lalo trabalha numa fábrica, em Oaxaca, e também é um sex influencer, divulgando seus vídeos eróticos em redes sociais especializadas, como a popular Only Fans. Após um casting, ele é contratado como ator pornô para interpretar Emiliano Zapata em um filme X que, à sua maneira, busca revisitar a história da revolução mexicana por uma de suas figuras mais emblemáticas.
O smartphone é essencial para a história, é a principal ferramenta de trabalho de Lalo, quase seu modo de viver. É um olho. Através de imagens de câmera, mensagens de texto, tuítes e posts, somos apresentados ao cotidiano do protagonista. O conteúdo foi produzido pelo próprio Lalo Santos.
Em paralelo, o filme testemunha o mundo pornô gay onde as configurações a uma masculinidade viril, sonhos de glória efêmera e exploração de corpos continuam a imperar, e onde os novos formatos digitais, por trás de uma aparente liberdade de produção, exigem um imediatismo permanente, uma atividade cada vez mais exigente.
O longa é uma obra híbrida e assume plenamente seu status meta. Pornozapata, foi de fato filmado e Pornomelancolía usou as filmagens do filme pornô para encenar o personagem Lalo, fortemente inspirado no verdadeiro Lalo Santos.
Essa exposição onipresente e sem filtros nas redes sociais remete a essa ideia de criar um personagem. Ao brincar constantemente com essa fronteira, o longa flerta com a vertigem da perda de rumo e aponta para o vazio abismal em que Lalo evolui.
Pornomelancolía é um retrato convincente, e explícito, da solidão nos tempos das redes sociais onde não há lugar para a privacidade. É uma coprodução da Argentina, Brasil e França ambientada no México contemporâneo.
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