sábado, 11 de dezembro de 2021

O Chão sob meus pés(Der Boden unter den Füßen, Áustria, 2019)



Como um tsunami, um evento familiar pode invadir sua própria vida e causar um desastre. O Chão Sob meus Pés demonstra isso usando o exemplo da consultora de alta administração Lola(Valerie Pachner), que está perdendo cada vez mais o controle, que está deslizando os fios de sua governança, tanto profissionalmente quanto privadamente, e que agora está se tornando uma marionete - dos poderes psíquicos.

O estranho centro de poder é sua irmã Conny( Pia Hierzegger), que foi internada em um hospital psiquiátrico após uma tentativa de suicídio. Suas demandas, ligações e manipulação penetram ruidosamente na vida de negócios. Lola dá desculpas, perde reuniões e, enquanto ela ainda está tentando resolver as coisas para sua irmã, sua própria vida está desmoronando.


A diretora Marie Kreutzer, ela própria austríaca, tem seu filme ambientado entre Viena e Rostock, sua personagem principal, Lola, viaja entre as duas cidades. Lola é inicialmente com uma rajada de ferro e controle, depois ela aparece cada vez mais machucada.

Rockstock é onde habita o mundo de negócios onde Lola é encarregada de despejar pessoal. A conversa de negócios, as noites curtas no hotel, a sala de fitness, os sapatos pretos de salto alto, os trajes rigorosos e a festa de aniversário da empresa, o caso com sua chefe, são os ingredientes do seu sucesso na vida. Viena, por outro lado, onde mora sua irmã, é a cidade do tsunami. Aqui tudo desaba em Lola, o desespero, o sofrimento, a morte.


O filme mostra o que provavelmente é o maior tabu no mundo dos bem-sucedidos: não se deve revelar nenhuma nudez, não revelar nenhuma fraqueza, nem tornar-se vulnerável. Se algo vazar, o diagnóstico rápido é: esgotamento. “A lepra do consultor”, diz Lola ao conhecer o diagnóstico e todos se afastarem dela.


Devemos dar crédito ao filme de Kreutzer por ter fortalecido a discussão acerca de saúde mental. Conny verbaliza a visão dos internos psiquiátricos, fala em fixação, mostra as injúrias, reclama da medicação e da pouca comida. Dividir o quarto com pacientes psicóticos graves, por sua vez, incentiva sua própria paranoia.

A diretora também ecoa o ponto de vista do médico, segundo o qual os pacientes podem ver através da ordem simbólica da psiquiatria e adotar as forças que ali atuam, por meio de adaptação, manipulação e terapia simulada.


O fato de que a coexistência de psiquiatria e consultoria de gestão de ponta também sugere uma série de paralelos entre o mundo dos doentes e o mundo dos bem-sucedidos. No final, Lola sai de seu trauma como um robô, é uma saída que sugere que este só poderia ser o início de outra íngreme.

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