"Não vim aqui para falar de Deus", diz um pastor da igreja "vim aqui para ter certeza de que você entendeu as regras." É uma declaração que atinge o coração do longa-metragem do cineasta guatemalteco Jayro Bustamante, que examina as restrições culturais da hierarquia do país e analisa os eternos conflitos entre religião e sexualidade. As regras, ao que parece, superam até mesmo o Criador quando se trata de 'sociedade conservadora’.
Pablo (Juan Pablo Olyslager) - que é um homem de família temente a Deus - acaba de quebrar as regras de forma espetacular, traindo sua esposa com outro homem, Francisco (Mauricio Armas Zebadúa). Como o título do filme sugere, nós o encontramos não no momento exato da explosão da descoberta, mas durante os tremores que se seguiram quando sua família o expulsou, ele perdeu o emprego por causa do que seus empregadores consideram moral duvidosa e aqueles em sua igreja oram por sua alma.
Os arredores da vida de classe média alta da família de Pablo, com suas salas de recepção de bom gosto, códigos de conduta rígidos e funcionários contratados são todos filmados em tons melancólicos de azul por Luis Armando Arteaga. Em contraste, o cinegrafista permite que o sol quente ou a luz da lamparina se espalhem nos momentos em que Pablo passa em um apartamento miserável com Francisco ou no bar local.
A tensão no filme não vem da dúvida de Pablo sobre quem ele é - fica claro que ele se sente à vontade com a sexualidade quando o vemos em momentos de ternura compartilhados com Francisco, mesmo que esteja lutando contra a culpa religiosa. Em vez disso, trata-se de saber se ele está preparado para dar as costas permanentemente a esse elemento de sua vida para ter acesso aos filhos pequenos, o que, de outra forma, lhe seria negado.
Que a Igreja, também, pareça estar seguindo os passos de 'rezar para que os gays se afastem' tanto para manter as normas sociais recebidas do que por qualquer senso real de inferno e condenação, apenas aumenta o sentimento de luto no filme. Bustamante mantém um forte foco emocional, deixando os eventos se desenrolarem de forma elíptica, enquanto dá espaço para Olyslager explorar o conflito de seu personagem.
A importância das crianças também vem à tona, não apenas como peões no jogo, mas como pessoas que, ainda restringidas pelas regras mais amplas da sociedade, inventam suas próprias explicações e traçam seus próprios julgamentos menos preconceituosos.
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