Como não poderia deixar de ser, esse material suculento logo despertou o interesse da indústria cinematográfica em fazer sua inevitável tradução em imagens. O próprio romancista se encarregou de um roteiro que suaviza os ingredientes mais espinhosos do livro, substituindo a explicitação pela insinuação, enquanto Tomas Alfredson dirigiu tudo com muita habilidade.
A ação se passa no início dos anos oitenta em um inverno rigoroso em um subúrbio de Estocolmo. O tímido Oskar (Kåre Hedebrant) vive com a mãe em um apartamento monótono e sofre bullying na escola. Sua solidão termina com a chegada ao bairro de Eli(Lina Leandersson), que se mudou para a casa ao lado dele na companhia de um adulto;
Deixa Ela Entrar é lindamente filmado e também dá uma imagem reconhecível do tempo. O filme se passa nos anos oitenta e isso pode ser visto nas roupas, no cubo mágico com o qual Oskar brinca e nas imagens televisivas que ainda são sobre a União Soviética.
Deixa Ela Entrar não é um filme de terror padrão, mas sim um retrato psicológico de um adolescente problemático e seu entorno. A tendência atual em torno dos vampiros combina um terror clássico com um cenário realista, e o longa é um exemplo bem-sucedido nesse sentido. O horror é realista, mas Alfredson sabe lidar com ele de forma comedida e eficaz
O filme é mais uma história de amor, amizade e apoio entre duas crianças socialmente marginalizadas lutando por sua sobrevivência, embora tenha algumas imagens de impacto que endossam a base de gênero terror.
A obra é uma experiência contemplativa e íntima que, embora como drama romântico tenha grande força, como obra de terror também não perde eficácia. A calma habitual da narrativa é quebrada em inúmeras ocasiões por explosões imprevisíveis de violência gritante.
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