Ana(Ana Cabral ) nasceu em São Miguel, ilha regida pela religião e tradições. A atriz faz uma performance cintilante como a filha do meio negligenciada de uma família tradicional onde seus irmãos Tejo e o pequeno Simão recebem toda a atenção. Ana é melhor amiga de Luís (Pimento), que é assumidamente gay e se veste provocativamente, muitas vezes atraindo atenção negativa em uma ilha ainda regida pelos valores antiquados da geração mais velha. A igreja e o patriarcado estão em suas últimas, prontos para serem varridos pelos jovens que, na maioria das vezes, deixam a ilha assim que podem.
O roteiro da diretora Cláudia Varejão, com a colaboração de Leda Cartum, prioriza as sensações e sentimentos dos protagonistas. No filme, olhares, silêncios, atitudes e gestos importam mais do que palavras, onde a pressão das tradições sociais se depara com a busca de identidades de seus jovens.
O maior atrativo de Lobo e Cão é a apresentação natural das relações entre seus protagonistas. De forma fluida, os diferentes personagens se alternam com seus temas vitais bem inter-relacionados.
A chegada à ilha da jovem Chloé(Cristiana Blanquinho), com a mãe, do Canadá, para passar umas férias faz com que Ana viva definitivamente a amizade da sua vida. A partir daí, ela iniciará uma longa jornada pessoal em busca de seus desejos e identidade.
A cadência lenta do filme em diferentes sequências é bem carregada pelo pulso cinematográfico da diretora Cláudia Varejão, que combina adequadamente imagem e narrativa do íntimo ao social.
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