O cineasta islandês Erlingur Thoroddsen, usou a escrita como terapia para evacuar sentimentos muito enterrados e visivelmente muito sombrios. Isso levou a uma obra ao mesmo tempo pessoal e terrivelmente angustiante pela atmosfera provocadora de ansiedade implantada por um cineasta sob a óbvia influência de David Lynch.
Com um único cenário – uma casa perdida no coração de uma bela paisagem – e dois atores principais, desde as primeiras cenas, o autor mergulha o espectador no coração da intimidade de um personagem marcado por um rompimento recente e que se vê assombrado por visões mórbidas.
A filmagem está totalmente na veia do cinema labiríntico. Na verdade, todo o filme pode ser lido como uma metáfora para o rompimento, bem como o trauma do abuso sexual. De qualquer forma, o diretor é atento a cada detalhe, cuida do menor plano, da menor iluminação e que também contou com a atuação de dois grandes atores: Björn Stefánsson e Sigurður Þór Óskarsson.
Rökkur é, acima de tudo, uma experiência de desprendimento da realidade. No entanto, o cineasta aborda temas difíceis como suicídio, estupro coletivo, pedofilia e o controle sobre jovens. A escuridão está, portanto, no encontro desta obra torturada que também é carregada por uma música soberba.
E enquanto os atores dão vida ao roteiro brilhante, muitas vezes poético, Erlingur Thoroddsen torna a história com temas tão frios e sombrios quanto um inverno escandinavo. As cenas na aconchegante casa de férias, repleta de luzes de Natal e raios de lua, são artisticamente e chocantemente encharcadas de sombras, vistas desoladas, apartamentos devastados e sangue.
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