Vrá! Um trio de jovens dispostos a enfrentar o mundo decide se estabelecer na ilha de Ibiza em busca de seus sonhos e experimentar sua liberdade o máximo que puderem e muito mais. O grupo é liderado por Xavi Font (Jaime Lorente), um costureiro com uma visão visionária para a época, ávido por reconhecimento e prestígio. À medida que sua estadia na ilha se estende, e como resultado de encontrar na boate mais seleta e midiática da ilha, o cenário perfeito para mostrar seus designs, a família que ele cria sob o nome de Loco Mía nasce balançando seus leques.
Uma família que será descoberta por José Luís Gil (Alberto Ammann), o grande produtor musical do momento interessado em encontrar algo diferente, algo novo, dance, pop, e que tenha impacto na sociedade.
Realizado por Kike Maíllo, o filme vem logo em seguida de uma série documental que foi realizada pela MoviStar, em 2022. Blanca Suárez também estrela como Lourdes Iribar, a figura mais coerente e equilibrada durante a ascensão meteórica às estrelas. Também no declínio irremediável.
O arco narrativo explora uma história de excessos, traições, autodestruição e a tirania da indústria da música que levou à devastação de um grupo de jovens, privando-os de, que por mais que dessem pinta, assumissem sua identidade sexual.
Tudo é enquadrado na Espanha do final dos anos 80 e início da década de 90, anos em que o país estava em plena efervescência, conhecida como Movida Madrileña, acreditando-se, sim, mais moderno do que realmente era.
O filme começa no final, e onde tudo o que vemos é narrado pelos próprios envolvidos a partir da sala onde decorre o processo de conciliação entre os membros do grupo e José Luís Gil. Um processo em que tentam chegar a um acordo sem ter que ir ao tribunal e assim remediar os acontecimentos que o espectador descobrirá à medida que o filme avança.
Disco, Ibiza, Locomía é uma viagem no tempo, não só pela história do grupo, mas também por uma época na Espanha, e depois no restante da América Latina. Embora não escape da caricatura em alguns momentos, o filme não se omite, não só na temática do sexo, drogas, festas... mas nas questões mais complicadas de ciúme, traição, desgosto e perda.
Uma história filmada de maneira extravagante, com figurinos oitentistas muito bem elaborados, atuações convincentes, onde se vislumbra a repressão e a perseguição sofridas por pessoas cuja condição sexual não era a “norma’ e que constrói um discurso de libertação em torno do legado do Loco Mía. Numa adrenalina visual o grande ponto positivo é que o longa destaca a importância de querer ser você mesmo e deixar preconceitos e estigmas de lado.
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