quarta-feira, 25 de setembro de 2024

El Hoyo en la Cerca (México/Polônia, 2021)

O filme do diretor mexicano Joaquín del Paso é um retrato desconcertante das instituições privadas de educação religiosa nas escolas do país. Ora perturbadora, ora desorientadora, a obra do cineasta é um exemplo de que nem sempre boas intenções se traduzem em bons resultados.

Uma cerca de arame farpado marca os limites do acampamento frequentado por um grupo de jovens da alta sociedade mexicana. Ao se aproximar de um povo da classe trabalhadora com recursos limitados, a cerca surge como um símbolo de diferença de classe.


Assim, El Hoyo en la Cerca lida com poder / riqueza, dinâmica de gênero, classe e raça, tudo misturado com uma forte dose de religião. O filme é uma crítica contundente ao pior em ação na sociedade mexicana e, às vezes, parece uma alegoria sobre a própria Igreja Católica.

O longa é uma crítica silenciosamente perturbadora e poderosa de como os meninos são preparados pelos homens para se tornarem os mestres da sociedade, a próxima geração de monstros patriarcais que dominarão o mundo.


Dois adolescentes são provocados por passarem tempo juntos e chamados de gays: "Você sabia que ser gay vai contra as regras da escola?" É um campo de treinamento para muitas coisas; o fanatismo heteronormativo é uma delas.


A cinematografia, de Alfonso Herrera Salcedo, é um destaque e mergulha o público em uma aura implacavelmente misteriosa. O tom atmosférico é completado pela trilha sonora eletrônica assombrosa de Kyle Dixon e Michael Stein.


Enquanto o filme é focado na sociedade mexicana, e há referências como “O Senhor das Moscas”,  ele aborda com a mão pesada temas como masculinidade tóxica, a divisão de classes, heteronormatividade, misoginia e patriarcado. Joaquin del Paso expõe a característica de tantas sociedades ao redor do mundo em que a cultura dominante oprime as classes mais baixas, pessoas queer e trans, assim como mulheres. 



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