segunda-feira, 30 de junho de 2025

Ovnis, Monstros e Utopias: Três Curtas Queer (Portugal, 2024)

 

“Ovnis, Monstros e Utopias: Três Curtas Queer” é um programa cinematográfico que reúne portugueses: “Entre a Luz e o Nada”, de Joana de Sousa, “Sob Influência”, de Ricardo Branco, e “Uma Rapariga Imaterial” de André Godinho. O filme utiliza os elementos simbólicos de ovnis, monstros e utopias para explorar a vivência queer através de gêneros como ficção científica, terror psicodélico e fantasia erótica. Embora unificados por uma temática queer, os filmes apresentam abordagens distintas, desafiando normas sociais e questionando categorizações rígidas.


“Entre a Luz e o Nada” segue Shade,  jovem não-binárie, durante dois dias na periferia de Lisboa, onde uma rave em edifícios abandonados se torna um espaço de evasão e liberdade. Joana de Sousa, ex-programadora do Doclisboa, imprime uma estética sensorial marcada por luzes, purpurinas e música techno, evocando sonhos coletivos e um misticismo que sugere uma nova religião ou utopia

“Sob Influência” centra-se em Laura (interpretada por Odete), uma jovem que, durante um fim de semana com amigos numa casa isolada, experimenta um alucinógeno que a desconecta da realidade. Ricardo Branco, também assistente de direção em “Entre a Luz e o Nada”, explora o terror psicodélico, transformando Laura num “corpo alheio” que vagueia num estado de sonho acordado. Os “monstros” aqui são internos, simbolizando os limites da percepção e da identidade, reforçados pela estética sombria e voyeurística. O filme destaca-se por seus visuais e pela performance de Odete, que rejeita etiquetas e encarna uma exclusividade radical.

“Uma Rapariga Imaterial” apresenta Tiago, perdido numa floresta, que encontra João, uma figura imaterial que transcende gênero, idade e raça, vivendo isolada da sociedade. André Godinho cria uma narrativa fantástica e erótica, com uma montagem hipnótica (de Francisco Moreira) que culmina numa sequência de sexo erotizado, onde João é interpretado por três atores (João Abreu, Aurora Pinho e Mafalda Banquarte), desafiando normas de gênero e sexualidade. Inspirado por cineastas como João Pedro Rodrigues e Bertrand Mandico, o curta brilha esteticamente, mas tropeça ao tentar transmitir uma mensagem revolucionária.

“Ovnis, Monstros e Utopias: Três Curtas Queer” ganha peso político ao reunir estas obras num manifesto cinematográfico que afirma a vivência queer como performance e resistência. Mais do que narrativas isoladas, os curtas, juntos, inscrevem vozes marginalizadas no cinema português, desafiando o apagamento e celebrando a diversidade através de gêneros não convencionais.

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