domingo, 1 de junho de 2025

Raízes Rebeldes: Pioneiros do Cinema Queer


 É o Mês do Orgulho no Cinematografia Queer! Aqui, a gente celebra todo dia, mas junho é nosso momento de pulsar orgulho pro mundo e abrir o baú com quatro especiais pra festejar nossa existência. Começamos pelas raízes rebeldes do cinema LGBTQIA+, onde visionários como Jean Cocteau, Dorothy Arzner, Kenneth Anger, James Whale, e, no Brasil, João Silvério Trevisan e Carlos Hugo Christensen, ousaram filmar o desejo queer contra a corrente. De “Diferente dos Outros” a “Orgia ou o Homem que Deu Cria”, esses filmes são gritos, poemas e atos de resistência que moldaram o cinema queer que amamos. Preparades pra essa jornada em preto e branco com toques de arco-íris? Então vem!
O Sangue de um Poeta, de Jean Cocteau

O Primeiro Grito: Diferente dos Outros

Em 1919, “Diferente dos Outros” (Alemanha, dir. Richard Oswald) se tornou o primeiro filme abertamente gay, um marco ousado na Berlim pós-guerra. Com apoio do sexólogo Magnus Hirschfeld, defendeu que “o amor entre iguais é puro”, desafiando leis opressivas. Banido, sobreviveu como um farol de coragem. Stills em sépia capturam sua força crua: um violinista lutando contra chantagem e preconceito, um eco que ressoa até hoje.

Poetas do Desejo: Cocteau e Genet

Jean Cocteau, com “Sangue de um Poeta” (1932), parte da trilogia Órfica, teceu desejo queer em imagens surrealistas, como um sonho febril de mito e paixão. Jean Genet, em “Un Chant d’Amour” (1950), transformou uma prisão em poesia, com olhares e toques que desafiam o confinamento. Genet filmava o amor como uma fogueira na escuridão, cada frame um verso de rebeldia contra o silêncio.

Amores Lésbicos em Rebeldia: Mädchen in Uniform e Olivia

“Mädchen in Uniform” (1931, Alemanha, dir. Leontine Sagan) é um marco sáfico que pulsa com desejo e resistência. Num internato, a paixão de uma aluna por sua professora desafia a rigidez prussiana. Com atuações viscerais e estética austera, grita liberdade contra a opressão. “Olivia” (1951, França, dir. Jacqueline Audry) ecoa essa rebeldia: num colégio feminino, amores lésbicos florescem em segredos e olhares, com delicadeza que desafia tabus. Banidos e adorados, são hinos às que amam sem medo.
Pandora's Box

Sombras de Desejo: Pandora’s Box, Rebecca, Queen Christina e Morocco

“Pandora’s Box” (1929, Alemanha, dir. G.W. Pabst) traz Louise Brooks como Lulu, uma femme fatale cuja sensualidade fluida seduz todos, desafiando normas com brilho queer. “Rebecca” (1940, EUA, dir. Alfred Hitchcock) tece subtextos lésbicos na obsessão da Sra. Danvers pela falecida Rebecca.“Queen Christina” (1933, dir. Rouben Mamoulian) eleva o tom: Greta Garbo, rainha andrógina, beija uma mulher e ri das convenções com charme subversivo. “Morocco” (1930, dir. Josef von Sternberg) incendeia com Marlene Dietrich, que, de smoking, beija uma mulher e traduz o desejo queer. São obras que dançam nas sombras, revelando o queer onde menos se espera.

Hollywood com Subtexto: Arzner, Whale e Wellman

Sob o Código Hays, Dorothy Arzner, James Whale e William A. Wellman codificaram o queer com genialidade. Arzner trouxe olhares lésbicos sutis em “Christopher Strong” (1933). Whale deu alma queer ao monstro de “Frankenstein” (1931), um outsider que pulsa emoção. “Asas” (1927, dir. William A. Wellman), primeiro Oscar de Melhor Filme, trouxe subtexto homoerótico na amizade intensa entre pilotos, com olhares que dizem mais que palavras.

James Whale, nos bastidores de Frankenstein

Dança de Gêneros e Liberdade: Schünzel, Vigo, Bryant e Feyder

“Viktor und Viktoria” (1933, dir. Reinhold Schünzel) debocha das normas de gênero com transformismo e charme. “Zero de Conduta” (1933, dir. Jean Vigo) celebra a rebeldia juvenil com subtextos de desejo. “Salomé” (1923, dir. Charles Bryant), inspirado em Oscar Wilde, é um delírio com Alla Nazimova como femme fatale, cuja dança exige a cabeça de João Batista. “La Kermesse Héroïque” (1935, dir. Jacques Feyder) satiriza o patriarcado com mulheres que dominam a Flandres com astúcia, num flerte camp com a rebeldia. São filmes que ousaram dançar em liberdade.

Brasil Subversivo: Trevisan e Christensen

No Brasil, dois pioneiros brilham. “O Menino e o Vento” (1967, dir. Carlos Hugo Christensen), considerado um dos primeiros filmes de temática LGBTQIA+ no Brasil, trouxe subtexto homoerótico delicado, com um engenheiro acusado de um crime envolvendo um jovem. “Orgia ou o Homem que Deu Cria” (1970, dir. João Silvério Trevisan), filmado na ditadura, é um marco marginal com crueza sobre desejo e opressão, enfrentando censura com coragem. São atos de rebeldia contra um Brasil repressivo, gritando por igualdade.

Vanguarda em Chamas: Anger, Markopoulos e Deren

Kenneth Anger incendiou o cinema com “Fireworks” (1947) e “Scorpio Rising” (1963), misturando homoerotismo, ocultismo e rock’n’roll. “Scorpio Rising”, com motociclistas e trilha de Bobby Vinton, é um hino queer subversivo. Gregory J. Markopoulos, em “Swain” (1950), teceu mitologia e desejo em visuais hipnóticos. “Meshes of the Afternoon” (1943, dir. Maya Deren e Alexandr Hackenschmied) é um transe experimental, com Deren navegando espelhos e duplos numa sincronia de identidade queer.  Rituais que desafiam convenções.

Orgia ou o Homem que Deu Cria

Legado

De “Diferente dos Outros” a “Orgia ou o Homem que Deu Cria”, esses pioneiros filmaram amor e rebeldia contra o silêncio. No #PrideMonth, o Cinematografia Queer celebra essas raízes com orgulho. Qual filme pioneiro te toca? Conta nos comentários e vem com a gente no Instagram, BlueSky e X, pra mais dessa jornada! POSTS RELACIONADOS: ANCESTRALIDADE LGBTQIA+ NO CINEMA


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