sexta-feira, 13 de junho de 2025

Bad Things (EUA, 2023)

"Bad Things", da Shudder, é um filme de terror que presta uma homenagem explícita a "O Iluminado", de Stanley Kubrick, mas se diferencia ao adotar uma perspectiva feminina e queer. Dirigido por Stewart Thorndike, o longa acompanha Ruthie Nodd (Gayle Rankin), uma mulher que herda de sua avó um hotel abandonado repleto de memórias traumáticas de sua infância. Junto com sua namorada Cal (Hari Nef) e um grupo de amigos, Ruthie visita o local com a intenção de decidir seu futuro, mas logo se vê envolvida em uma espiral de eventos sobrenaturais e psicológicos

A personagem principal, Ruthie, é a luz do filme, e Gayle Rankin entrega uma atuação magnética que mistura raiva, vulnerabilidade e desespero. Ruthie carrega o peso de uma mãe ausente que nunca lhe ofereceu o amor ou a aprovação que ela tanto desejava, um conflito que a define e a conecta ao isolamento de figuras icônicas como Jack Torrance.

O elenco de apoio é igualmente essencial para a trama, trazendo diversidade e camadas à narrativa. Hari Nef interpreta Cal, a namorada de Ruthie, que enxerga no hotel uma oportunidade de futuro, contrastando com o desejo de Ruthie de apagar o passado. Annabelle Dexter-Jones dá vida a Fran, uma figura misteriosa com segredos que alimentam a paranoia do grupo, enquanto Rad Pereira, como Maddie, adiciona uma presença calma e enigmática. A participação especial de Molly Ringwald como uma guru da hospitalidade injeta um toque surreal, remetendo às alucinações de "O Iluminado". Esses personagens, todos sob o guarda-chuva LGBTQIA+, formam um grupo cujas dinâmicas e tensões impulsionam o terror do filme.

A representatividade queer é um dos pilares de "Bad Things", destacando-se pela originalidade e centralidade das identidades LGBTQ+ na história. Stewart Thorndike, uma cineasta queer, coloca Ruthie e Cal como um casal lésbico no centro da narrativa, explorando sua relação com nuances de amor, conflito e apoio mútuo. A inclusão de Maddie, interpretada por Rad Pereira, artista não binárie, reforça a diversidade do elenco e a intenção do filme de ir além de estereótipos.

A direção de Stewart Thorndike é outro ponto forte, brincando com a ambiguidade entre realidade e alucinação de forma que mantém o espectador em constante incerteza. A trilha sonora evocativa e a fotografia de Grant Greenberg transformam o hotel em um personagem por si só, com seus corredores pastéis e aura nostálgica amplificando o isolamento e a loucura. Thorndike subverte a inspiração de "O Iluminado" ao focar em experiências femininas e queer, usando um ritmo deliberadamente lento para construir o terror psicológico.

"Bad Things" é uma experiência que combina terror psicológico, homenagem cinematográfica e uma reflexão profunda sobre identidade. O filme assombra tanto pelos seus elementos sobrenaturais quanto pela exploração emocional de seus personagens, deixando um impacto duradouro sobre o lado sombrio da psique humana.


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