“Magic Farm" é uma sátira que adentra na superficialidade do jornalismo moderno, misturando humor absurdo com uma crítica afiada à busca por viralidade. A trama acompanha uma equipe de mídia nova-iorquina, liderada pela implacável Edna (Chloë Sevigny), que viaja à América do Sul para documentar um músico excêntrico, Super Carlitos, mas acaba no lugar errado – San Cristóbal, Argentina – devido a um erro logístico. Em vez de corrigir o equívoco, a equipe, composta por personagens como o caótico Jeff (Alex Wolff), o ingênuo Justin (Joe Apollonio), e a introspectiva Elena, a diretora Amalia Ullman, decide fabricar uma tendência viral, ignorando uma crise ambiental local.
Alex Wolff se destaca como Jeff, um produtor desajeitado cujas inseguranças e tentativas desastradas de cortejar Manchi (Camila del Campo), uma jovem local, injetam humor e humanidade à história. Chloë Sevigny, como Edna, equilibra um exterior calculado com momentos de frustração cômica, enquanto Simon Rex, em uma participação breve mas memorável como Dave, adiciona um toque de cinismo. Elena, interpretada pela própria Ullman, é o coração moral do filme, com sua gravidez secreta e domínio da língua local.
A representatividade queer em “Magic Farm” é um elemento central, integrado de forma orgânica e impactante. Justin, interpretado por Joe Apollonio, é abertamente gay, e sua caracterização evita clichês, apresentando-o como uma figura empática. Além disso, a personagem de Edna, não-binárie, exibe uma fluidez de gênero em sua apresentação, desafiando normas heteronormativas com um humor seco. Ullman utiliza essas representações para questionar a superficialidade da mídia, que muitas vezes ignora identidades marginalizadas em prol de narrativas sensacionalistas.
A estética de “Magic Farm” inova, com Ullman empregando técnicas experimentais que amplificam o tom caótico e satírico. Câmeras GoPro montadas em cachorros, lentes olho de peixe e transições rápidas com cartões de título coloridos criam uma estética vibrante que reflete a desorientação da equipe e a vitalidade da comunidade local.
No entanto, a sátira é mais eficaz quando foca na desconexão entre a busca por viralidade e as realidades locais, como nas cenas em que a equipe encena entrevistas absurdas para impressionar executivos distantes. No entanto, a narrativa multi-thread, com subtramas românticas e conflitos interpessoais, nem sempre se integra bem, resultando em mudanças de tom que podem desorientar o espectador.
“Magic Farm” é uma comédia maluca e imperfeita que combina humor escrachado com uma crítica perspicaz à cultura do sensacionalismo. A visão de Ullman, com sua fusão de energia frenética e pausas introspectivas, cria um filme que é tanto uma celebração da autenticidade local quanto uma denúncia da superficialidade globalizada, bagunçada, mas profundamente humana.
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