quarta-feira, 18 de junho de 2025

Four Mothers (Irlanda, 2024)

 Em “Four Mothers”, de Darren Thornton, seguimos Edward (James McArdle), um jovem romancista que cuida de sua mãe idosa, Alma (Fionnula Flanagan), em um cenário melancólico nos subúrbios chuvosos da Irlanda. Inspirado livremente em “Mid-August Lunch”, de Gianni Di Gregorio, o filme substitui o calor ensolarado de Roma por uma atmosfera introspectiva, onde o clima reflete os tons sombrios e contemplativos da vida de Edward.

A trama segue Edward enquanto ele gerencia as exigências de cuidar de Alma e, de forma inesperada, de outras três mães — Maude, Rosie e Jean — deixadas por seus amigos, alternando entre momentos de comédia e drama para explorar o peso do dever familiar e o desejo por realização pessoal.


Edward é um personagem tridimensional, cuja dedicação ao cuidado funciona como um refúgio e, ao mesmo tempo, uma prisão. Por trás de sua postura atenciosa, ele carrega uma incerteza profunda sobre seu valor e sua capacidade de encontrar felicidade, um conflito que McArdle interpreta com sensibilidade e um toque de humor. Alma, por sua vez, é uma figura poderosa, mesmo sem fala, transmitindo amor, força e fragilidade por meio de gestos sutis e olhares intensos.

“Four Mothers” explora a tensão entre dever e desejo, um dilema universal que define a jornada de Edward. Ele tenta conciliar suas responsabilidades com a busca por independência, um conflito intensificado pela chegada das outras mães. Além disso, o filme aborda identidades queer, com Edward e seus amigos gays refletindo sobre aceitação e conexão em seus relacionamentos maternos, criando uma narrativa de comunidade que atravessa gerações.

A narrativa avança em um ritmo lento e intencional, espelhando os altos e baixos da rotina de Edward. O caos cômico gerado pelas quatro mães — com situações hilárias e momentos ternos — contrasta com pausas reflexivas, permitindo que o público sinta tanto o fardo das obrigações do protagonista quanto a fragilidade de seus anseios. Esse equilíbrio entre leveza e seriedade reforça o conflito central: a luta por autonomia em meio ao dever.

A direção de Darren Thornton e a cinematografia de "Four Mothers" enriquecem a história com uma estética sutil e evocativa.. Close-ups e planos longos capturam a intimidade e a distância nas relações dos personagens, enquanto Thornton conduz a trama com contenção, permitindo que o desenvolvimento de Edward e os laços entre os personagens floresçam naturalmente.



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