Por Marco Gal
O cinéfilo fã do rock nacional tem o que comemorar com os lançamentos de 2025. Entre o sucesso comercial de “Ritas" e “Homem com H” nas salas de cinema, estreia em 17 de julho “Cazuza, Boas Novas", documentário dirigido por Nilo Romero e Roberto Moret. Aqueles que moram em São Paulo podem conferir o filme antes, na programação do “In-Edit Brasil, Festival Internacional de Documentário Musical”, que acontece entre 11 e 22 de junho na capital paulista.
Com uma seleção de filmes inteiramente dedicada a documentários musicais, o tradicional festival, agora em sua décima sétima edição, demonstra o alcance dessas histórias. No entanto, apesar da fidelidade do público, a popularização do gênero também tornou os espectadores mais exigentes. Felizmente, “Cazuza, Boas Novas” de fato traz boas novas aos espectadores que, independente de serem fãs ou não, querem assistir um bom filme.
Uma das principais “armadilhas” de uma cinebiografia é o recorte temporal.
“Cazuza, Boas novas” evita uma engessada estrutura cronológica linear que abrange toda a vida do artista e foca sua atenção nos últimos anos do músico. Ao delimitar esse período, o diretor Nilo Romero, não só amigo pessoal de Cazuza, como também parceiro de composições e diretor musical do seu último show, define um perfil do cantor com maior objetividade e profundidade.
O filme é uma tocante reflexão sobre a finitude. Ícone do rock nacional, Cazuza também tornou-se ícone na luta contra a AIDS no Brasil. Apesar de hoje a infecção pelo HIV ter tratamento, entre os anos 1980 e 1990, o vírus foi responsável pela epidemia da AIDS que acometeu milhares no Brasil e no mundo. Assumindo publicamente a doença, o cantor sofreu não só dos sintomas físicos, como também do julgamento moralista de uma sociedade preconceituosa. Porém, isso não o parou. Ao investigar a relação de Cazuza com religião ou trabalho, o público vislumbra como o artista lutou pela vida até o fim.
Divertido quando a mãe Lucinha Araújo cita comentários debochados do filho, chamando de “macumba” uma foto da Santa Rita de Cássia. Emocionante quando lembra a rasteira dada no cantor com a desprezível matéria de capa da revista Veja. “Cazuza, Boas Novas” é um comovente registro que humaniza um ídolo. Histórico pelo seu legado e pela sua força. Imperdível!
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