terça-feira, 12 de janeiro de 2021

Meu Querido Companheiro(Longtime Companion, EUA, 1989)



Em 1989, ano que o longa de Norman René foi realizado, o rastro deixado pela AIDS era devastador. Abordando um tema tão pesado, como a trajetória da epidemia ao longo dos anos 1980, de forma leve, Meu Querido Companheiro recebeu o Prêmio da Audiência no Festival de Sundance, além da Indicação ao Oscar e o Globo de Ouro de melhor ator coadjuvante para Bruce Davison, que brilha no papel de David.

Em 1981, quando o filme começa, as manchetes nos jornais alertam para um novo “câncer gay” que está inexplicavelmente matando a população LGBTQIA+ . A notícia repercute por todos os cantos e preocupa um grupo de homossexuais que no início, tamanha a desinformação, assimila o HIV ao uso de poppers.

Mesmo tendo na trama central um grupo de amigos todos com a personalidade bem distintas , o grande protagonista do filme, roteirizado por Craig Lucas, é a doença e as perdas que foi deixando pelo caminho.

O advogado Fuzzy (Stephen Caffrey), entra no grupo por seu amor a Willy (Campbell Scott) e se torna um ativista dos direitos dos gays soropositivos. O filme mostra o preconceito enfrentado pelos homossexuais em geral, mas principalmente os portadores do vírus, que perdiam oportunidades de emprego, como Howard (Patrick Cassidy), ator que é demitido de uma novela.


O medo é o fio condutor da trama, todos os personagens passam por ele, e ano após ano alguém está hospitalizado e prestes ao funeral. A falta de informação acerca da doença é gradativa ao longo dos anos, porém a repulsa da sociedade é sempre a mesma. 


Tratando o tema de forma sutil, mesmo que com realismo, Meu Querido Companheiro é um filme independente que conseguiu chegar ao mainstream por sua temática atual e polêmica, que propunha uma discussão necessária.

Com direito a uma versão em cordas do hino gay YMCA, o filme é um triste e real retrato do que era a AIDS naquela época. Hoje, o termo aidético é pejorativo, a doença é completamente tratável e os portadores podem viver normalmente. É uma lástima, que como mostra o filme, muitos tiveram que morrer para se chegar até aqui.


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