sexta-feira, 6 de agosto de 2021

Ema(Chile, 2019)


O realizador chileno Pablo Larraín, possui uma extensa e eclética filmografia, mas Ema, seu filme mais feminino, sobre uma dançarina piromaníaca oxigenada, desesperada para recuperar seu filho adotivo possui uma energia poderosa e difícil de conter: Larraín acende uma espécie de inferno delirante

Com uma performance de estranheza e autodomínio da estreante Mariana Di Girolamo, Ema é de uma singularidade insondável: uma dançarina interpretativa talentosa, uma manipuladora, uma feiticeira erótica sexualmente fluida, e uma anti-mãe cujo voraz instinto conduz o enredo.


Ema e seu marido coreógrafo, Gastón (Gael Garcia Bernal), haviam cometido o ato imperdoável de devolver seu filho adotivo, Polo(Christian Felipe Suarez), ao orfanato, depois que a criança ateou fogo na irmã de Ema. Apesar da violência incipiente do menino, é uma decisão com a qual a protagonista não consegue conviver.

Depois de uma série de discussões com Gastón e o bloqueio dos serviços sociais, ela põe em ação um plano tortuoso para recuperar o filho, envolvendo uma série de seduções de ambos os sexos. E isso claramente inclui atrair os novos pais adotivos de Polo: Raquel(Paola Giannini) e Aníbal(Santiago Cabrera).


A história é intercalada com sequências de dança impressionantemente filmadas e cenas de sexo incandescentes. E é pontuada com as pulsações e giros da trilha sonora excepcional de Nicholas Jaar, com closes, do cinegrafista Sergio Armstrong, no rosto impenetrável de Ema.


Ema pode ser considerada uma homenagem afetuosa, mas incendiária, do diretor ao sexo feminino, depois de tantos filmes políticos, violentos e polêmicos, o chileno abre espaço para delicadeza. O indefeso coreógrafo de Bernal poderia ser perfeitamente um alter ego de Larraín. O longa nos coloca numa atmosfera tão febril e intensa que nunca temos certeza de onde o próximo corte levará.

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