terça-feira, 24 de agosto de 2021

Marilyn(Argentina/Chile, 2018)

Fica claro desde a abertura de Marilyn, de Martin Rodriguez Redondo, que o protagonista, Marcos (Walter Rodríguez), admira roupas e acessórios femininos. Ele ajuda sua mãe Olga (Catalina Saavedra) a escolher vestidos e muitas vezes os usa em segredo.

Marcos é um adolescente reticente, muitas vezes levado a realizar tarefas na fazenda da família, que se tornam mais necessárias após a morte repentina de seu pai.

No Carnaval, Marcos decide ir a uma festa na cidade vestido de mulher. A cena ao som da batucada do samba ou da cúmbia Mi nombre es Marilyn é libertadora. Infelizmente, apesar das satisfação com aparência feminina, ele é reconhecido por um grupo de outros jovens, que costumam o perseguir, e depois de sair do bar é brutalmente atacado e sexualmente abusado.

Tão repressora quanto a natureza da sociedade que o rodeia é a mãe de Marcos. Ele chega em casa aos farrapos, apenas para Olga descobrir as roupas femininas do filho. Enquanto ela os queima, o público vê as lágrimas nos olhos do jovem, como se sua identidade tivesse sido cremada simbolicamente. Apesar da condenação de Olga, Marcos acha impossível negar quem ele realmente é.


A história de Marilyn é contada com naturalidade, o que ajuda este filme em particular a brilhar. A decisão do diretor de contar a narrativa com franqueza não apenas chama a atenção do público, mas torna as cenas impactantes mais profundas porque não são exageradas. É revigorante ver um diretor adotar essa abordagem.


Baseado em chocantes acontecimentos reais, o  primeiro longa de Redondo pode não ser particularmente ousado, mas dá um relato íntimo de seu protagonista. Marilyn é gentil ao contar a história de seu tema, mas não é ostentosa em sua apresentação de pessoas que de alguma forma ainda estão sujeitas à opressão e à discriminação.

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