terça-feira, 10 de agosto de 2021

Romeos(Alemanha, 2011)


A transexualidade masculina ainda tem pouca representatividade dentro da cinematografia
queer, porém há exemplos sublimes como o brasileiro Vera(1986) e o brutal Meninos não choram(1999). No caso de Romeos, da diretora Sabine Bernardi, a proposta vai um passo além na veracidade do tema, ao ter como protagonista um verdadeiro transexual. Rick Okon estava no meio do processo de resignação quando atuou neste filme, mostrando naturalmente seios ainda femininos que contrastavam com um físico masculino.

Okon interpreta Lukas, um homem trans na fase intermediária da transição. Só sua família e seu melhor amigo conhecem sua condição, já que sua atitude e aparência são de qualquer menino. Os conflitos surgem quando Lukas conhece Fábio(Max Befort), um gay com fama de promíscuo e heterossexual aos olhos de sua família.

A princípio Lukas inveja a perfeição física do jovem, com uma musculatura bem definida que é o que ele almeja conquistar para si. Mas essa admiração dá lugar a uma atração irreprimível que será retribuída por Fábio. O medo de descobrir sua transexualidade faz Lukas viver esse romance de uma forma tão complicada quanto tempestuosa. Soma-se a esse conflito romântico as difíceis circunstâncias de trabalho em que se encontra devido a procedimentos burocráticos injustos, que o colocam num alojamento feminino.

Uma obra notável que deve muito, estética e narrativamente, ao cinema independente americano. Para além das suas qualidades estritamente cinematográficas, que possui, o filme é uma contribuição muito valiosa para o género.

A mensagem otimista da história também é apreciada embora os episódios sórdidos não sejam evitados - o escárnio dos companheiros de quarto e a crueldade infantil da irmãzinha de Lukas. Não contente em enfrentar os próprios obstáculos do dia a dia, o protagonista se dedica a apoiar e ensinar com suas experiências outros meninos que se encontram nas mesmas circunstâncias, por meio de videoconferências pela internet.

Romeos deixa uma porta aberta à esperança e ao triunfo do amor sobre o preconceito. São necessários exemplos mais positivos e normalizadores como este no cinema, pois essa pérola alemã, já pode ser considerada referência no gênero.

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