segunda-feira, 30 de agosto de 2021

A Rainha Diaba (Brasil, 1974)


Quando os créditos de A Rainha Diaba aparecem na tela, ao som de Índia seus cabelos, somos avisados que todos os personagens são ficcionais, porém sabemos que o argumento do dramaturgo Plínio Marcos, se inspirou na figura de João Francisco dos Santos, o Madame Satã.

O longa, de Antônio Carlos da Fontoura, é um marco por ser um dos primeiros no cinema brasileiro, em plena ditadura, a trazer o protagonismo negro e homossexual, ainda que esse viesse acompanhado de bandidagem e caricatura.

A Rainha Diaba, interpretada pelo gigante Milton Gonçalves tem um reino aos seus pés. Administrando o tráfico ela mora em um cenário kitsch, atrás de um bordel, com homossexuais, travestis, prostitutas e a cafetina, vivida por Yara Cortez. Há até uma referência ao clássico Navalha na Carne, também de Plínio Marcos, com um dos personagens se chamando Veludo.

Com um de seus protegidos, Robertinho(Edgar Gurgel Aranha), correndo o risco de ser preso, a Rainha bola um plano para que um bode expiatório seja pego no seu lugar. Mas a partir daí, a trama toma outros rumos, com o inabalável reinado da protagonista sendo ameaçado.


“Como pode uma bicha comandar a boca?”, Catitu(Nelson Xavier) conspira contra a Diaba e para isso conta com a ajuda do belo Bereco(Stepan Nercessian), um malandro que só quer se dar bem e está envolvido com a prostituta Isa(Odete Lara).

A propósito de Odete Lara, ela protagoniza duas belíssimas cenas, onde canta La Mujer que no se Asoma e Molambo, na boate Leite da Mulher Amada, onde ocorre parte da ação do filme. Em um breve momento também vislumbramos a jovem Zezé Motta que aparece para iluminar a tela com sua nudez.

Quando Milton Gonçalves aparece se maquiando no espelho, vemos a força e o poder da personagem. A Diaba sabe que querem derrubá-la, mas armada de sua navalha, não permitirá que isso aconteça. As cenas coloridas na casa da personagem, ressaltando a estética e a trilha dos anos 1970, com Roberto Carlos, Dolores Duran e James Brown, contrastam com a bandidagem que toma conta da cidade.

O ato final de A Rainha Diaba possui um total estágio de histeria. O desfecho de seus personagens não é algo difícil de prever, porém esse filme, ainda que com algumas falhas, é um pioneiro na abordagem de figuras LGBTQIA+ no cinema nacional. Um triunfo!

Um comentário:

  1. Filme memorável, crítica impecável "um triunfo!"👏🏾👏🏾👏🏾👏🏾

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