quinta-feira, 12 de agosto de 2021

Luana Muniz - Filha da Lua(Brasil, 2017)

 
“Tá pensando que travesti é bagunça?”, Luana Muniz - Filha da Lua, dos diretores Rian Córdova e Leonardo Menezes, de Lorna Washington: Sobrevivendo a supostas perdas(2016), apresenta muito mais do que a trans que se tornou nacionalmente conhecida graças a um vídeo no Profissão Repórter, da Rede Globo, e nos revela o ícone da Lapa, a artista, a militante e a prostituta.

Narrado por entrevistas com a própria Luana Muniz, que esbanja carioquice, mesclado a um riquíssimo acervo de vídeos e fotos, a transexual divaga sobre sexo, transição, cirurgias plásticas, fé, arte, a calçada e o palco. “Ser travesti é uma busca infinita de formas e maneiras femininas”, conclui.

Adentrando os bastidores da Turma OK, um clube veterano do mais boêmio dos bairros cariocas, além de redutos de prostituição, podemos vivenciar mais sobre a intimidade e o modo de vida de Luana, cujo trabalho social feito em um casarão para acolher travestis é merecidamente reverenciado em boa parte do filme.

Dinâmica, a narrativa também é acompanhada por depoimentos, como de Alcione, o dramaturgo Fabiano de Freitas, os jornalistas Felipe Suhre e Leonardo Ferreira, o ativista Almir França, os amigos Claudio Salcides e Lorna Washington, o ator Luis Lobianco que dedicou uma temporada inteira do espetáculo sobre a transgênero Gisberta para Luana, e o Padre Fábio de Melo, que conta como foi transformadora a experiência de conhecer Muniz.

Quando o filme chega ao fatídico episódio do Profissão Repórter, aquela parece uma fatia tão pequena na vida riquíssima e difícil da Filha da Lua, que ela já não é mais vista como uma caricatura e tem sua imagem completamente humanizada. No entanto, o momento é analisado por profissionais que concluem que com aquele ato agressivo, Luana ‘mandou seu recado’.

O documentário, que foi eleito com o Prêmio do Público no Festival Mix Brasil, em 2017, aborda como ainda é difícil e rotulado ser transexual, além de toda a violência e transfobia sofrida por essa comunidade. O final é agridoce, pois a heroína não sobreviveu até o final das filmagens e o impacto causado pela sua morte resultou numa comovente homenagem. Luana Muniz vive eternizada pelas lentes do cinema.


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