A diretora Céline Sciamma, foi premiada em Cannes pelo roteiro de seu Retrato de uma jovem em Chamas e indicada ao Globo de Ouro de Filme Estrangeiro, por seu quarto longa e facilmente chamado de obra prima.
A trama se passa em 1770, quando Marianne (Noémie Merlant) é contratada para pintar o retrato da jovem Héloïse (Adèle Haenel); para que seja avaliado por um futuro pretendente. O detalhe é que Heloise, que acaba de sair do convento, não deve saber que está sendo pintada, e acreditar que Marianne é apenas uma dama de companhia.
Passados os dias entre os rochedos as duas acabam desenvolvendo uma cumplicidade, conversas sobre o futuro e amizade. O vento, que faz com que elas tenham que usar lenços e ficam só com os olhos descobertos, já faz com que os primeiros olhares sejam intensos. A fotografia, de Claire Mathon, é belíssima, sobretudo nesses momentos diante de mar e rochas.
Marianne pinta à noite, criando uma Heloise aos pedaços, com muita dificuldade, já que essa nunca está sorrido. Quando a pintora conta a Heloise sobre o quadro, ela não gosta do resultado e decide então que vai posar.
É nesses momentos em que posa, que o amor aflora. Quando a mãe de Heloise vai viajar as duas se entregam para toda aquela tensão sexual que vinha cercando as duas. As personagens se permitem então ter uma relação, o sexo é retratado em cenas eroticamente sutis.
Como uma verdadeira obra de arte a beleza do filme está nos detalhes: em Marianne tocando uma sinfonia, nos traços delicados de Heloise, nas pinceladas de tinta, no rochedo. Ganhador do César de Melhor Fotografia, o filme é como um belo retrato barroco.
O longa é visto de um ponto totalmente feminino, até quando aborda temas como aborto em plenos 1700. Retrato de uma mulher em chamas é cheio de metáforas e simbolismos, que levam a um desfecho brilhante.
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