Aos 16 anos, o prodígio jovem de Quebec, Xavier Dolan, escreveu o roteiro semibiográfico de Eu Matei minha mãe, e aos 20 ele fez sua estreia como diretor concretizando o longa. O filme pode ter lá seus problemas, mas por se tratar de um começo os méritos são muito maiores e já davam indícios da carreira brilhante que o cineasta seguiria nos anos seguintes.
Com uma estética de videoclipe, o filme narra a relação do jovem Hupert, interpretado por Dolan, com sua mãe, Anne Durval. O convívio entre mãe e filho é simplesmente insuportável, a ponto de estarem sempre brigando. Seria o primeiro filme onde o diretor abordaria temas relacionados à mães e filhos disfuncionais. Em 2014 realizou a obra prima Mommy, tratando do tema.
O roteiro explora os altos e baixos entre a relação mãe e filho, ao mesmo tempo que Hubert se relaciona com Antonin(François Arnaud). A homossexualidade é um fato natural no contexto do filme, sem ser nada latente ou que afete a narrativa. A descoberta da mãe de que o filho é gay não chega a ser um problema perto de seu temperamento.
Embora exagerado, o filme funciona perfeitamente bem. As cenas em que procura refúgio são lindas e seu momento catártico ao som de Noir Desir de Vive la Fete marcam toda a força e intensidade do filme.A obra marcou uma excelente estreia, já com ousadias estéticas e o começo de uma linguagem própria que enriqueceu ao longo dos anos.
A relação com a mãe impera ao longo de todo o filme como uma verdadeira montanha russa de sentimentos. Em meio a isso, Antonin parece ficar um pouco de lado, servindo mais como um personagem de apoio.
Em 2009, quando foi lançado, o filme foi aplaudido por 8 minutos durante a Quinzena dos Realizadores no Festival de Cannes. Nestes 11 anos de carreira, e 8 filmes lançados, Xavier Dolan já mostrou talento de sobra e uma forma particular de fazer cinema.
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