segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

A Festa de Formatura(The Prom, EUA, 2020)


Toda experiência que Ryan Murphy trouxe de Glee ajudou com que ele fizesse de seu primeiro musical um filme grandioso. A Festa de Formatura, fruto da parceria com a Netflix que já rendeu Ratched, Hollywood e The Politician,  é seu primeiro longa como diretor para a plataforma de streamming, já que em The Boys in the band só assinou como produtor. 

O longa pulsa a identidade de Murphy. O diretor se inspirou num musical da Broadway, que por sua vez se inspirou num caso real, ocorrido em 2010, de uma estudante homossexual que teve que entrar na justiça para pode levar a namorada no baile do ensino médio.

A Festa de Formatura, têm todos os elementos que caracterizam a obra de Ryan Murphy, a identidade visual, a diversidade, o estilo queer, o otimismo, as cores e um elenco grandioso, nesse caso encabeçado por nada menos que Meryl Streep, Nicole Kidman, James Corden e Adam Anders.

Um grupo de atores fracassados da Broadway liderado pela ganhadora de dois Tonys, Dee Dee Allen, Meryl Streep sempre brilhante, decidem se engajar em uma causa social para conseguir publicidade. Descobrem então o caso da jovem Emma, de Indiana, que está sendo proibida de levar a namorada à festa.


James Corden está ótimo, e tem o segundo maior papel do filme, segundo Barry seu personagem “é mais gay do que uma coleção de perucas” o que define bem o estilo de seus números musicais. Essa, aliás, é uma redenção para o ator que vêm do fracasso de crítica e público, Cats.

Cheio de afetações o quarteto embarca rumo ao High School para ajudar Emma a se libertar dessa sociedade conservadora. Meryl Streep brilha absoluta em cada cena que aparece enquanto Nicole Kidman não está em suas melhores performances, mas como sua personagem mesmo diz ‘ela é apenas uma corista’. Adam Anders, de The Boys in the band, é Trent e protagoniza os momentos Glee do filme, que são de certa maneira demasiados. A referência à série é usada um pouco em excesso.

Com referências a Bob Fosse, Hairspray, de John Waters, Cher, entre tantas outras, Ryan Murphy faz um musical sobre inclusão com canções emblemáticas que defendem a identidade de pessoas LGBTQIA+ e reafirmam o orgulho gay e a luta contra homofobia.


O filme trata tudo com muito sarcasmo, bom humor e referências à cultura POP. O roteiro apresenta um humor inteligente, e ótimas tiradas sobre sexualidade. Os personagens, além de cantarem, também vivem seus dramas pessoais e passam por momentos sensíveis, principalmente a dupla Dee Dee e Barry. O casal Emma, que é a assumida, e Alyssa, que ainda está no armário, não tem uma grande química, porém rendem bons momentos juntas em cena. Na história toda, a mãe de Alyssa é a vilã, membro de APM e maior impedidora que Emma vá ao baile, porém não imagina da relação com a filha.


Um filme lúdico, otimista e que encerra um ano tão difícil como 2020 cheio de amor e com uma mensagem de esperança, belas canções, muitas cores e batendo na tecla de quanto é difícil crescer sendo LGBTQIA+ na escola.


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