quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

Verão de 85(Été 85, França, 2020)


François Ozon é um dos maiores diretores franceses da atualidade. Após dirigir alguns thrillers cheios de tensão sexual, e Graças a Deus, seu polêmico último longa,  o diretor de 8 mulheres e Gotas da Água em Pedras Escaldantes, revisita seu passado cinematográfico com uma obra sobre identidade sexual e amadurecimento.

Baseado livremente no romance do autor britânico Aidan Chambers, Dance on My Grave, Ozon volta aos anos 1980, onde na ensolarada Normandia, na França, ao som de In Betwen Days do The Cure, nos apresenta Alexis, Felix Lefebvre. O personagem logo se meterá em apuros, ao pegar o barco de um amigo e acabar ser sendo salvo por Davi, Benjamin Voison.

Bifurcado em duas fases temporais, Alexis conta através da escrita, assim como Dentro de Casa, do mesmo Ozon, sua relação com Davi. O que no início começa como uma linda amizade, evolui para sexo mas termina em um drama trágico.

O filme que vem sendo comparado a Me Chame pelo seu nome, pouco tem a ver com o longa de Luca Guadagnino, além da época em que se passa, paisagens europeias e a idade do protagonista, Alexis, 16 anos. Davi tem 18, é o garoto mais maduro, e o outro enxerga nele o espelho do ‘melhor amigo dos sonhos’.

Com uma trilha com clássicos como Self Control e Cruel Summer, a ação vai se desenrolando, num clima completamente oitentista, especialmente numa cena de uma festa. Mas vamos entendendo que há algo de muito obscuro na história dos dois protagonistas, somente mais próximo do final é que compreendemos o que de fato aconteceu.

Verão de 85 é um filme lindo, que remete a François Ozon em sua melhor forma, tem gosto de nostalgia, e cenas românticas belíssimas, como a num parque de diversões, lugar comum em filmes de romance. O reconhecimento que o longa está recebendo em festivais é merecido, já que é a volta ao passado ao mesmo tempo que reinvenção de um diretor que tanto já fez pelo cinema.

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