Selvagem, do diretor e roteirista estreante Camille Vidal-Naquet, nos apresenta Leo, interpretado intensamente por Felix Maritaud, de Jonas, um protagonista digno de uma tragédia de Fassbinder. O jovem, de 22 anos, é garoto de programa, mora na rua e não apresenta perspectivas de futuro.
O roteiro nos propõe uma viagem ao submundo da prostituição, do sexo em parques, e de fetiches pesados. Leo, apesar de esboçar felicidade, vive um denso drama existencialista enquanto começa a padecer de uma doença.
Em meio a uma vida mundana, ele se envolve com o também michê Ahd(Eric Bernard), que é quem lhe traz afeição, porém não é correspondido por esse se considerar héterossexual e querer apenas arrumar um velho que o sustente.
O erotismo se faz presente constantemente, logo na primeira cena já vemos um pênis em close e não será a única vez. As cenas de sexo, de fato dão a impressão de puro prazer pago, sem a presença de nenhum tipo de afeto. Sexo sujo mesmo.
A partir do momento que Leo sofre abuso de dois clientes ativos, o filme dá uma virada. Em uma conversa com uma médica, ele tem um dos momentos mais ternos e bonitos do filme que como o título sugere, a vida faz de Leo um selvagem.
Tão lindo quanto trágico, Selvagem é um recorte da carência e solidão que existe por trás da prostituição. Quase sempre filmes com esse tema, remetem a Garotos de Programa, de Gus Van Sant, porém com outra abordagem e uma profundidade imensa ao explorar a personalidade do protagonista o diretor mostra mais influência de Rainer W Fassbinder.
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