Quando o cineasta francês Edouard Molinaro lançou A Gaiola das Loucas, em 1978, baseado na peça homônima, ele estava abrindo caminho para um novo tipo de cinema, a comédia que trazia o gay como protagonista, não apenas como alívio cômico mas que exaltava sua cultura. O filme faturou o Globo de Ouro de filme estrangeiro.
Ugo Tognazi e Michel Serrault formam o casal Renato e Albin, donos da boate A Gaiola das Loucas, cujo Albin em drag é a atração principal, Zazá. A diva em crise, se olha no espelho antes de brilhar no palco.
Apresentando um universo com muita pinta, paetê, brilho e salto alto, o diretor presta uma homenagem à comunidade LGBTQIA+, que naquela época finalmente estava começando a ganhar voz. O mordomo Jacob, no entanto, é o tipo de gay caricato que seria retratado com total deboche e estereótipo em qualquer outra produção cômica, ainda assim com seus figurinos e figura exótica dá ao filme um brilho a mais.
Com a chegada do filho de Renato, Laurent, querendo lhe apresentar os conservadores pais da noiva como um heterossexual o conflito começa a se desenvolver. Tentando deixar o pai, que usa paletós espalhafatosos, em padrões heteronormativos ele terá muito trabalho e mais ainda para tentar esconder Albin.
A trilha do filme é de nada menos que Ennio Morricone, mestre da música que trabalhou em obras como Cinema Paradiso e com nomes como Oliver Stone, Quentin Tarantino e Brian de Palma.
A Gaiola das Loucas discute com muito bom humor, homofobia e intolerância. É um filme percursor por mostrar um casal de homossexuais, juntos há 20 anos, com tanta naturalidade e abordar com soluções sarcásticas e inteligentes a luta contra o preconceito.
O filme ainda rendeu duas sequências na França, mas sem a mesma repercussão. Em 1996 o remake em Hollywood protagonizado por Robin Willians foi lançado e gerou um certo burburinho. Gaiola das Loucas, segue sendo um ícone do cinema queer que e é adaptado para o Teatro até hoje.
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