quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

Victor ou Victoria(Victor/Victoria, EUA, 1982)



Em 1982, a comunidade LGBTQIA+ sofria o impacto do início da epidemia da AIDS, e filmes como Victor ou Victoria, que exaltavam a cultura queer, através de uma homenagem aos grandes musicais de Hollywood era um alento para essa população.

Com a popularidade da versão francesa de A Gaiola da Loucas, em 1978 um nicho se abriu para esse público. E foi juntando Blake Edwards, diretor dos sucessos Bonequinha de Luxo e A Pantera Cor de Rosa, com Julie Andrews, já consagrada como Mary Poppins e Noviça Rebelde, que o estúdio resolveu causar. 

O filme foi lançado no mesmo ano que Tootsie, outro fenômeno, com Dustin Hoffman, também sobre a troca de gênero e comparações não puderam ser evitadas, mas cada filme tem seu próprio brilho e identidade. No musical, tudo começa em Paris, no ano de 1934. Numa cena icônica Victoria, uma soprano falida, é vista na janela de um restaurante observando as pessoas comerem.


Quando conhece o homossexual Carroll Toddy(Robert Preston), que está desempregado, os dois têm uma ideia para fazer Victoria brilhar como cantora. Ela será em suas próprias palavras uma mulher que finge ser um homem que finge ser uma mulher. 


Quando é apresentado como Conde Victor Grezhinski, o maior transformista de toda Europa, está pronto para entrar no palco e brilhar em um épico, para muitas gerações Le Jazz Hot. O número é simplesmente brilhante, nos remetendo a Era de Ouro de Hollywood.

O conflito se estabelece quando ela conhece e se apaixona por King Marchand(James Garner) colocando em dúvida sua carreira e sua farsa. Em meio a isso tudo, Marchand enfrenta o dilema de estar apaixonado por um homem, mas que é na verdade uma mulher.

Atrevido por tocar em temas considerados tabus, em uma época difícil. Victor ou Victoria jamais perde o bom humor. É de um domínio técnico e narrativo muito apurados. E seja através de olhares irônicos sobre homossexualidade, de conversas sarcásticas ou Julie Andrews dançando como uma espanhola, o filme é uma delícia de se ver. As mais de duas horas passam voando.



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