quarta-feira, 7 de julho de 2021

Gli Anni Amari (Itália, 2019)

Gli Anni Amari, de Andrea Adriatico, nos apresenta a biografia de um dos maiores ícones LGBTQIA+, da Itália, Mario Miele, interpretado com excelência pelo estreante Nicola di Benedetto.  Mieli pode ser pouco conhecido fora da Itália, mas sua vida fascinante, excêntrica e colorida, é um espetáculo atraente.

Mieli nasceu em uma família grande , de origem egípcia, e rica de comerciantes de seda em 1952, e todos vivem em uma vasta propriedade no Lago de Como. Mieli era um adolescente precoce ultrajante destemido e mimado por sua mãe(Sandra Ceccarelli), que evoca o visual das divas do cinema italiano. Ao logo de sua vida a mãe foi a única em sua família ultraconservadora que se esforçou para manter algum tipo de relacionamento com ele.


Independentemente da hostilidade da família, Mieli não tinha falta de dinheiro ou bens materiais, então, quando ele começou a se travestir, ou melhor vestir-se como queria, estava na melhor roupa feminina que o dinheiro poderia comprar.


Quando a família voltou para Milão em 1968, Mieli foi com eles e se lançou no movimento estudantil daquele ano, iniciando um longo compromisso com as causas revolucionárias. Como muitos jovens italianos da época, ele era um comunista, mas também um intelectual que estava tão interessado na filosofia da mudança quanto na realidade de alcançá-la.


 Ele estudou em Londres, onde participou ativamente da London Gay Liberation Front. Era uma cidade que ele amava e à qual voltaria com frequência. No entanto, foi em San Remo, na primeira manifestação LGBTQIA+ na Itália, em um Congresso de Sexologia contra a condenação psiquiátrica da conduta homossexual, que Mieli começou a fazer sua presença política conhecida.

Um ano depois, em 1972, Mieli, de 20 anos, ajudou a fundar o coletivo FRONTE UNITARIO OMOSESSUALE RIVOLUZIONARIO ITALIANO. Mais conhecido pela sigla F.U.O.R.I! (Saia!). Foi o primeiro grande grupo de direitos gays da Itália. 


O filme de Adriatico mostra um Mieli cuja paixão pela ideologia dos direitos dos homossexuais, que ele publicou incluindo em sua tese de doutorado, foi avassaladora e intensa. Seu intelecto ferozmente brilhante fortaleceu suas contribuições para o movimento pelos direitos LGBTQIA+ mas todas elas parecem ter um alto custo pessoal. Sua vida foi uma série de altos e baixos: altos quando ele estava apaixonado por Umberto (Tobia De Angelis), e baixos quando sua intensidade maníaca o afastou.


O filme, com performances perfeitas, é um relato intrigante de uma fatia da história LGBTQIA+ que muitos não conhecíamos, e é sempre tão gratificante descobrir pioneiros que não só abriram caminhos, mas as portas de muitos armários.



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