domingo, 25 de julho de 2021

AS TRILHAS DE XAVIER DOLAN


Xavier Dolan é um dos jovens autores mais eletrizantes do cinema e seus longas-metragens são definidos pelo uso cativante da trilha sonora. A qualidade da música caracteriza seu trabalho, emprestando aos seus filmes uma estética musical e absolutamente cinematográfica.

Acima de tudo, Dolan estrutura as canções como parte do corpo do filme. Dentro dessa estética única de videoclipe, Dolan cria um mundo visual esplendoroso que é continuamente moldado e formado por melodias e ritmos.


A música de Xavier Dolan transmite primorosamente a vida de seus personagens e como eles percebem o mundo ao seu redor. Por meio da melodia, podemos sentir sua dor, êxtase, alegria e fúria. Dolan mostra como pode ser extraordinário quando a magia da música e do cinema se unem.


Eu matei minha mãe(J'ai tué ma mére, Canadá, 2009)

A estreia semi-autobiográfica de Dolan como diretor, Eu matei minha mãe, segue um adolescente astuto e temperamental chamado Hubert que descobre sua homossexualidade enquanto mantém uma relação de amor e ódio com sua mãe controladora e adoradora de decoração kitsch. A frenética Noir Désir, da banda belga Vive la Fête, acompanha uma cena enquanto Hubert destrói o quarto de sua progenitora e os gemidos da vocalista se transformam em um grito ensurdecedor. A trilha ainda inclui Maman, la plus Belle du Monde de Marino Marini, Des roses rouges pour toi maman de André Hebet, Composições de François Graham & Dave Douville e músicas das alternativas Surface of Atlantic e Crystal Castles.

Amores Imaginários(Les Amours Imaginaires, Canadá, 2010)


Bang Bang! A icônica canção de Dalida embala o triângulo de Amores Imaginários, que pode ou não ter sido uma referência ao curta Vestido de Verão. de François Ozon. A partir desse filme, sequências musicais ganham mais espaço na narrativa dos filmes do diretor, e vemos os personagens se divertindo ao som de bandas alternativas como The Knife, Fever Ray, Indochine e novamente Vive la Fête. Os clássicos abrem uma janela com Frances Gal e se estendem até Bach.

Laurence Anyways(Canadá, 2012)



O longa traz umas das trilhas mais ricas da filmografia de Xavier Dolan. Somos apresentados as batidas experimentais da banda Moderat, mas também há espaço para clássicos da década de 1980, como Depeche Mode, Duran Duran, The Cure e Bette Davis Eyes, com Kim Carnes. Com Vivaldi, Bethoven e Tchaikovsky o longa ganha um tom erudito, mas um dos momentos mais significativos é o baile onde Fred arrasa ao som do new wave Fade to Gray, do Visage.

Tom na Fazenda(Tom à la Ferme, Canadá, 2013)



A cena mais sedutora do quarto longa de Xavier Dolan é um tango entre o protagonista e o irmão brutamontes de seu falecido namorado ao som de Santa Maria, do Gotan Project, o filme ainda inclui a música Diferente, do projeto argentino. O clássico de Corey Hart, Sunglasses at Night toca numa das cenas e a linda Going to a town de Rufus Wainwright também está inclusa.

Mommmy(Canadá, 2014)

Nesse filme, Dolan faz o uso mais audacioso da música. O hino arrebatador dos anos 1990 Wonderwall, do Oasis, apoia a libertação dos demônios do protagonista e muda inclusive o formato da tela.  A trilha sonora inclui ainda Craig Armstrong, Dido, Céline Dion, Eiffel 65, Beck, Lana del Rey, Counting Crows, Andrea Bocceli,  além dos eruditos Shubbert e Vivaldi.

É Apenas o fim do mundo(Juste la fin du monde, Canadá, 2016)


Um dos filmes mais melancólicos de Dolan é embalado por músicas da cantora francesa Camille, Blink 182, Grimes, Exotica, Foals e Moby. Baseado numa peça de Jean Luc Lagarce, o filme conta a história de Louis, interpretado por Gaspard Ulliel. Após 12 anos, ele regressa a casa da família para anunciar que vai morrer, onde reencontra a mãe(Nathalie Baye), o irmão Antoine(Vincent Cassel), Suzanne(Léa Seydoux) e conhece a cunhada, Catherine(Marion Cotillard).

A morte e vida de John F. Donovan(The Life and Death of John F. Donovan, Canadá, 2018)

O filme internacional de Xavier Dolan começa ao som do mega hit Rolling in the Deep, de Adele, com quem o diretor havia trabalhado no clipe de Hello. A triste história de um ator famoso que vive no armário e troca cartas com um menino de 11 anos, tem na trilha sonora músicas de Cat Power, Florence and the Machine e The Verve, com Bitter Sweet Symphony, canção que ficou marcada pelo filme Segundas Intençôes(1999)

Matthias & Maxime(Canadá, 2019)


Mais recente filme de Dolan, a obra não possui o impacto visual de suas anteriores, no entanto, mantém características que tornam o trabalho do diretor único, a trilha é uma delas. Além das composições de Jean-Michel Blais, as cenas são animadas por músicas de Arcade Fire, Phosphorecent, Pet Shop Boys, e o hino de Britney Spears: Work Bitch.

Um comentário:

  1. Puxa adorei mas me senti a ultima das cinéfilas por não ter prestado a atenção devida a essa parte tão importante em um filme
    Lembro de Bitter Sweet Symphony
    Já falei aqui sobre aula de cinema mas hoje realmente foi
    Vou salvar, Vou rever os filmes

    ResponderExcluir