terça-feira, 4 de janeiro de 2022

E(la) (Il Est Elle, França, 2020)


Eu sou linda do meu jeito/ Pois Deus não erra/ Eu estou no caminho certo, baby/ Eu nasci assim… A letra do hino Born this Way, de Lady Gaga, entoada algumas vezes, no telefilme dirigido por Clément Michel para o canal francês, TF1, representa o personagem Juju, de 15 anos, que não se identifica em seu corpo e é interpretado pela atriz trans Andréa Furet.

A vida de Sabine (Odile Vuillemin) e Cédric (Jonathan Zaccaï) vira de cabeça para baixo quando seu filho, Julien, lhes confessa a certeza de ser uma menina no corpo de um menino. Sabine e Cédric se deparam com um dilema insolúvel: apoiar o filho na transição para o gênero feminino ou continuar tentando fazer com que ele aceite seu corpo como é? A divergência de opiniões acaba colocando o casamento em risco.


O filme é uma adaptação para a história em quadrinhos Barricades, de Charlotte Bousquet e Jaypee, sobre transição de gênero. Ele apresenta inclusive didatismo relacionado ao tema como explicar a diferença entre bloqueadores e hormônios, no início da fase de modificação.


“Eu nasci no corpo errado…Preciso de ajuda para ser menina.” Julien, cada vez mais ciente sobre sua transexualidade, acaba enfrentando muitas dificuldades no caminho, inclusive o preconceito da irmãzinha, mas a maior delas é a não aceitação de seu pai Cédric, enquanto sua mãe entende que lhe dar todo o apoio é o melhor remédio para agora se transformar em Emma.

Julien terá que mostrar uma verdadeira força e uma determinação real de se tornar quem ela é aos olhos de todos. Confrontada com rejeição, humilhação e transfobia, a personagem não desiste. Junto da mãe, elas deixam a pequena cidade francesa e se mudam para Paris, começando uma nova vida, já como Emma, em uma banda de rock e um interesse romântico,(Maxence Danet) o que adiciona mais um leve conflito ao longa.

Obviamente E(la) enfrenta as limitações de um telefilme, mas ele é um retrato comovente de uma criança transgênero. E quanto mais Emma avança em sua transição, e vê em seu corpo florescer uma mulher, mais otimista, positivo e necessário o filme se torna.

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